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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Tabaré Vázquez pede fim dos bloqueios na fronteira e diz que, "como está, bloco não serve" a seu país
Uruguai faz criticas à situação do Mercosul
DE BUENOS AIRES
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, cobrou do Mercosul
uma resposta aos bloqueios da
fronteira uruguaia por ambientalistas argentinos e afirmou que,
"assim como está", o bloco "não
serve" a seu país.
Vázquez acusou a Argentina,
que exerce a presidência temporária do Mercosul, de "demorar
demasiadamente" para responder ao pedido feito por Montevidéu para convocar o conselho do
bloco para discutir os protestos.
Na cidade argentina de Gualeguaychú, os bloqueios já interrompem o trânsito entre os países
há 70 dias.
O governo uruguaio também
resolveu transformar em boicote
o mal-estar instalado no Mercosul
pela chamada "guerra das papeleiras" que trava com a Argentina.
Ontem, o ministro do Trabalho
do país, Eduardo Bonomi, anunciou que não irá à reunião com
seus colegas de pasta dos países
do bloco agendada para amanhã,
em Buenos Aires.
Ambiente e Finlândia
Enquanto o Uruguai aumentava a pressão para regionalizar a
discussão do conflito, pelo viés do
prejuízo comercial dos protestos,
ontem o presidente argentino,
Néstor Kirchner, fez um duro discurso ambiental contra as fábricas
-a finlandesa Botnia e a espanhola Ence. Criticou os bloqueios
na fronteira, mas voltou a pedir
que as indústrias interrompam
por 90 dias suas obras no país vizinho.
No período, a Argentina exige
que seja feito um estudo do impacto ambiental das fábricas, que
estão sendo construídas às margens do rio Uruguai, águas compartilhadas pelos vizinhos.
Ontem, Kirchner cobrou que a
Finlândia intervenha para tentar
convencer a Botnia a parar a
construção. Também fez menção
ao financiamento do Estado espanhol à empresa Ence.
Em março, depois de uma trégua entre Argentina e Uruguai, as
empresas chegaram a anunciar
que parariam as obras por três
meses, mas a empresa finlandesa
recuou e afirmou que só interromperia por dez dias.
Kirchner leu longos trechos de
um relatório de 1992 de Lawrence
Summers, ex-presidente do Banco Mundial, para apontar os supostos riscos ambientais das "papeleiras". Citou a transferência de
"indústrias sujas" aos países em
desenvolvimento, que buscariam
países pobres para pagar indenizações menores pela contaminação da população e do ambiente.
À noite, em comunicado, a Ence
voltou a dizer que aceita interromper a construção. A embaixada da Finlândia em Buenos Aires,
em comunicado, classificou o
conflito de "lamentável", mas disse que a Botnia segue a legislação
uruguaia e espera um estudo ambiental do Banco Mundial.
Sem repressão
Apesar de fazer um discurso afinado ao dos ambientalistas da
fronteira com o Uruguai, Kirchner afirmou que o governo não
apóia o bloqueio, mas que não
"reprimirá" os manifestantes.
A Argentina tem evitado o envolvimento do Mercosul na controvérsia, mas, diante da estratégia uruguaia, enviados de Buenos
Aires procuraram os sócios do
bloco para explicar os argumentos argentinos.
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