São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

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BNDES elabora política industrial com Jorge

Banco chefiado por Coutinho passará de financiador a co-formulador de políticas com o ministro do Desenvolvimento

Ministro Miguel Jorge e Coutinho já se reuniram para debater ênfase que Lula quer dar ao mercado interno no 2º mandato


SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escolha do economista Luciano Coutinho para o BNDES faz parte da estratégia do governo de tentar se aproximar mais do empresariado e desenvolver, no segundo mandato do presidente Lula, uma ampla política industrial para reestruturar o setor produtivo no país.
Na mira estão os segmentos empresariais que sofrem com a valorização do real e o contrabando, além daqueles que enfrentam forte concorrência dos produtos importados.
Com isso, o governo acredita que será possível abrir caminho para aumentar a taxa de investimento no Brasil, um dos pontos mais vulneráveis da economia e entrave ao crescimento mais acelerado.
Segundo a Folha apurou, antes mesmo de ser oficializado na presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Coutinho teve pelo menos duas reuniões com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) para discutir esses assuntos e alguns cenários econômicos para o país.
Uma das conversas durou praticamente o último domingo inteiro. Nela foi enfatizado o papel do BNDES na elaboração dessa nova política industrial.
Coutinho é considerado um especialista nessa área. No final dos anos 80, fez um amplo trabalho sobre a cadeia produtiva automotiva. Miguel Jorge, então executivo da Autolatina (empresa que controlou a Ford e a Volkswagen), foi um dos interlocutores do economista.
Desde essa época, Coutinho se especializou em empresas e setores e fez estudos de política industrial. A idéia é que o BNDES tenha, a partir de agora, uma participação mais forte na definição da política industrial em vez de ser apenas seu agente financeiro.
O economista foi lembrado para o posto pelo próprio presidente Lula por causa de seus conhecimentos sobre a "cadeia produtiva". Lula avalia que ele será importante para desenvolver uma política de fortalecimento do mercado interno, sua prioridade para o Ministério do Desenvolvimento no segundo mandato.
Coutinho contou com o apoio também do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais). Durante seu período à frente do Ministério do Turismo, o economista foi contratado para fazer um estudo sobre a cadeia produtiva do setor no país.
Segundo a Folha apurou, Coutinho deverá ter total liberdade para montar sua equipe no BNDES, mas, a exemplo do que fez Jorge, acredita-se que deverá aproveitar técnicos que estão no banco e têm experiência nessa área. Um deles deverá ser o economista Antônio Barros de Castro, atualmente diretor na área de planejamento.

Têxtil
Nesta semana, o ministro Miguel Jorge esteve com representantes do setor têxtil, que reclamam de perdas com a valorização do câmbio e também da forte concorrência com a China.
Na próxima quarta-feira haverá mais uma rodada de conversas em conjunto com os ministérios do Trabalho e da Fazenda. Só que dessa vez os empresários deverão ir acompanhados de representantes dos trabalhadores.
A decisão é fazer um trabalho coordenado dentro do governo, usando o mesmo conceito das câmaras setoriais. Com isso, espera-se evitar críticas de que o governo protege apenas um ou outro setor.


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