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BNDES elabora política industrial com Jorge
Banco chefiado por Coutinho passará de financiador a co-formulador de políticas com o ministro do Desenvolvimento
Ministro Miguel Jorge e Coutinho já se reuniram para debater ênfase que Lula quer dar ao mercado interno no 2º mandato
SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escolha do economista Luciano Coutinho para o BNDES
faz parte da estratégia do governo de tentar se aproximar
mais do empresariado e desenvolver, no segundo mandato do
presidente Lula, uma ampla
política industrial para reestruturar o setor produtivo no país.
Na mira estão os segmentos
empresariais que sofrem com a
valorização do real e o contrabando, além daqueles que enfrentam forte concorrência dos
produtos importados.
Com isso, o governo acredita
que será possível abrir caminho
para aumentar a taxa de investimento no Brasil, um dos pontos mais vulneráveis da economia e entrave ao crescimento
mais acelerado.
Segundo a Folha apurou, antes mesmo de ser oficializado
na presidência do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Coutinho teve pelo menos duas
reuniões com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento)
para discutir esses assuntos e
alguns cenários econômicos
para o país.
Uma das conversas durou
praticamente o último domingo inteiro. Nela foi enfatizado o
papel do BNDES na elaboração
dessa nova política industrial.
Coutinho é considerado um
especialista nessa área. No final dos anos 80, fez um amplo
trabalho sobre a cadeia produtiva automotiva. Miguel Jorge,
então executivo da Autolatina
(empresa que controlou a Ford
e a Volkswagen), foi um dos interlocutores do economista.
Desde essa época, Coutinho
se especializou em empresas e
setores e fez estudos de política
industrial. A idéia é que o
BNDES tenha, a partir de agora, uma participação mais forte
na definição da política industrial em vez de ser apenas seu
agente financeiro.
O economista foi lembrado
para o posto pelo próprio presidente Lula por causa de seus
conhecimentos sobre a "cadeia
produtiva". Lula avalia que ele
será importante para desenvolver uma política de fortalecimento do mercado interno, sua
prioridade para o Ministério do
Desenvolvimento no segundo
mandato.
Coutinho contou com o
apoio também do ministro
Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais). Durante
seu período à frente do Ministério do Turismo, o economista
foi contratado para fazer um
estudo sobre a cadeia produtiva do setor no país.
Segundo a Folha apurou,
Coutinho deverá ter total liberdade para montar sua equipe
no BNDES, mas, a exemplo do
que fez Jorge, acredita-se que
deverá aproveitar técnicos que
estão no banco e têm experiência nessa área. Um deles deverá
ser o economista Antônio Barros de Castro, atualmente diretor na área de planejamento.
Têxtil
Nesta semana, o ministro
Miguel Jorge esteve com representantes do setor têxtil, que
reclamam de perdas com a valorização do câmbio e também
da forte concorrência com a
China.
Na próxima quarta-feira haverá mais uma rodada de conversas em conjunto com os ministérios do Trabalho e da Fazenda. Só que dessa vez os empresários deverão ir acompanhados de representantes dos
trabalhadores.
A decisão é fazer um trabalho
coordenado dentro do governo,
usando o mesmo conceito das
câmaras setoriais. Com isso, espera-se evitar críticas de que o
governo protege apenas um ou
outro setor.
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