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Cade atenua suspensão de venda da Ipiranga
Petrobras, Braskem e Ultra amarram acordo com governo para fazer ajustes
Cerne da decisão de suspender negócio parcialmente será mantido, assim como possibilidade de reversão da aquisição
JULIANNA SOFIA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O congelamento de parte da
venda da Ipiranga para Petrobras, Braskem e Grupo Ultra
será flexibilizado pelo Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
A Folha apurou que as empresas fecharão acordo com o
governo para que questões
pontuais ligadas às restrições
de participação nas decisões da
Copesul ou ao mercado de distribuição de combustíveis sejam alteradas.
Ontem, as empresas informaram que o Ultra efetuou o
pagamento do valor total da
aquisição da Ipiranga aos acionistas do grupo gaúcho. Posteriormente, ele receberá de Petrobras e Braskem, em três
parcelas, a parte correspondente a cada uma no negócio.
Participantes da negociação
com o governo dizem que o
cerne da decisão de congelamento adotada pelo Cade será
mantido. Ou seja, as condições
para uma eventual reversão do
negócio estão mantidas, assim
como o não-compartilhamento
de informações estratégicas.
A flexibilização deve ser por
meio de alteração do conselho,
o que seria mais rápido, ou por
meio de um APRO (acordo para reverter a operação).
O instrumento está previsto
na legislação de defesa da concorrência e serve para que empresas compradoras e governo
definam os critérios para participação dos novos donos até
que a venda seja aprovada.
APROs geralmente são fechados pelo conselho depois da
adoção de uma medida cautelar, o mecanismo usado pelo
Cade para congelar a venda da
Ipiranga. É considerado o caminho natural do processo.
Após uma cautelar, as empresas têm prazo regulamentar de
sete dias para apresentarem informações. Com base nesses
dados novos, freqüentemente o
conselho ajusta sua decisão.
Um dos pontos mais sensíveis da medida cautelar do Cade diz respeito à Copesul. Ela
proibiu que a Petrobras participe de qualquer "deliberação,
negociação, discussão e reunião, a qualquer pretexto, que
tratem de aspectos comerciais
e estratégicos da Copesul". A
estatal também foi proibida de
requerer qualquer documentação que trate desses assuntos.
Mas a Petrobras já é acionista da Copesul, com quase 16%
do capital, e tem dois representantes no conselho de administração. Para os órgãos de defesa
da concorrência, porém, o percentual não dá acesso a informações tidas como sensíveis.
"Essa questão ainda não está
clara para nós, mas esperamos
que [a decisão] não [interfira
na participação da Petrobras
na Copesul], porque se trata de
direitos anteriores à aquisição", disse José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras.
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