São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Temor de centrais é que portaria gere favorecimento a entidades pró-governo

DA REPORTAGEM LOCAL

A portaria que cria novas regras sindicais e permite ao Ministério do Trabalho atuar como conciliador entre entidades que se confrontam na Justiça dividiu a opinião das centrais sindicais.
UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, criada por dissidentes da CUT) e Conlutas (ligada ao PSTU) criticam a portaria. A Força Sindical defende. A CUT não comentou.
"Ao mediar conflitos entre duas entidades que disputam uma base, o Ministério do Trabalho ganha força. Pode haver uso político desse instrumento de mediação e interferência do Estado. Se o partido que está no comando do ministério tem mais afinidade com uma central, pode favorecer a concessão de registros a entidades ligadas àquela central", diz Ricardo Patah, presidente da UGT. "Hoje, o PDT comanda o Ministério do Trabalho e tem afinidade com a Força. No passado, quem comandava era o PT e a CUT."
Ele defende a criação de um conselho com centrais e governo para mediar conflitos e conceder registros sindicais. Para a Conlutas, a portaria abre "as comportas para que uma avalanche de sindicatos fraudulentos ganhe a chancela estatal".
João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força, diz que a portaria regulariza na prática o que já ocorria. "Por meio judicial ou de acordos, já existe mais de uma federação e confederação de metalúrgicos, químicos e várias categorias. A tendência é fortalecer essas entidades para prepará-las para negociações nacionais."
Wagner Cinchetto, consultor sindical que ajudou a fundar a Força e a UGT, além de ser desafeto político do secretário Luiz Antonio de Medeiros, diz que a portaria mantém uma "reserva de mercado" para as centrais. "Os feudos estão mantidos para as centrais que irão recorrer à mediação do Estado para resolver conflitos. Será um balcão de negócios." (CR e FF)

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