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agrofolha
Milho transgênico afeta vizinhos, diz estudo
Pesquisa feita pela Secretaria da Agricultura do Paraná aponta contaminação nas lavouras de milho comum circunvizinhas
Casos estudados seguiram a distância mínima exigida;
comissão que cuida da
biossegurança informa
que vai analisar o resultado
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Estudo da Secretaria da Agricultura do Paraná concluído
neste mês apontou contaminação de lavouras de milho comum por espécies transgênicas
de plantações vizinhas, apesar
de as duas áreas respeitarem a
distância de separação estipulada pela CTNBio (Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança, maior autoridade em
biossegurança do país).
A contaminação, segundo a
pesquisa, ocorreu por meio da
polinização empurrada pelo
vento. O coordenador do trabalho, engenheiro agrônomo
Marcelo Silva, afirmou que a
distância de separação mínima
e máxima, entre 20 e cem metros, conforme determina a Resolução Normativa número 4
da CTNBio, deve ser revista.
"A coexistência entre lavouras comuns e transgênicas está
posta em risco", disse Silva.
"Temos uma certeza bastante
robusta de que a norma da
CTNBio é insuficiente."
A pesquisa teve como objetivo medir a eficácia da norma.
Silva afirmou que, diante dos
resultados, o índice de contaminação pode ser alto no Paraná devido à configuração das
propriedades rurais do Estado.
"A característica fundiária do
Paraná coloca pequenos agricultores com lavouras lado a lado", disse o engenheiro.
Os testes para indicar a contaminação envolveram análise
de DNA das sementes e o chamado "teste da fita". Ele detecta a produção da substância
Cry1ab geneticamente modificada na semente. O exame também é conhecido por ser empregado nos silos para medir a
existência de material transgênico nas sementes para pagamento de royalties às empresas
que o produzem.
O monitoramento para comprovar a mistura entre sementes convencionais e transgênicas foi feito na safrinha de
2009, entre os meses de fevereiro e junho, nas lavouras do
oeste do Paraná, líder nacional
na produção de milho.
O estudo fez medições em
distâncias superiores ao estabelecido pela resolução normativa da CTNBio. Os resultados
também apontam a presença
de genes transgênicos.
A troca de genes entre as
plantas chegou a 4,4% a até 90
metros de distância entre as lavouras transgênica e convencional e a 1,3% a 120 metros de
distância. A lei brasileira diz
que o produto deve ser rotulado como transgênico se o percentual for superior a 1%.
A reportagem da Folha já havia captado a tendência à contaminação quando percorreu o
oeste do Paraná no ano passado e flagrou o plantio fora das
regras impostas pela CTNBio
para cultivo do milho transgênico. Na época, produtores relataram temer contaminação,
como ocorreu com a soja.
O presidente da CTNBio,
Edilson Paiva, afirmou que determinou uma análise do estudo por especialistas da área de
biossegurança. "Queremos saber se os resultados da pesquisa têm fundamento ou não."
Ele disse que a legislação
atual "é mais do que suficiente"
para evitar a transferência genética descontrolada de uma
espécie de grãos para outra.
"Há mais de 70 anos sabemos mexer com a polinização
do milho. Ele é tão domesticado que não sobrevive sem a ajuda do homem", afirmou Paiva.
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