São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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GASTO BRASIL

Embora mais alta que nas cidades, despesa teve queda em relação a dado de 1975

Comida leva 1/3 da renda no campo

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

As famílias da área rural passaram a gastar menos com alimento e mais com habitação. Enquanto os gastos com comida correspondiam a 53% das despesas de consumo em 1975, eles ficaram em 34,12% em 2003. Já os gastos com habitação, que eram de 17,8%, subiram para 28,7%.
A mudança na estrutura dos gastos mostra uma melhora nas condições de vida, já que ela reflete maior acesso a serviços como energia elétrica, esgoto etc. "A diversificação de gastos é um indicativo da modernização do setor rural. Os novos gastos refletem novos acessos a bens e serviços", diz Marcia Quintslr, coordenadora de índices de preços do IBGE.
Ainda assim, a pesquisa mostra que a condição de vida no campo, ou pelo menos a percepção das famílias em relação a ela, é pior do que na cidade. Cerca de 33% das famílias na região rural dizem ter alguma dificuldade para chegar ao fim do mês com a sua renda. Nas cidades, o índice é de 27%.
A mudança na estrutura dos gastos no período 1975-2003 tornou os orçamentos familiares das regiões urbanas e rurais mais parecidos. Mas ainda há diferenças marcantes. Uma família da área rural ainda gasta mais de um terço (34%) da renda com comida, enquanto nas áreas urbanas essa proporção é de 19,6%.
Os gastos com educação também são menores na área rural, onde uma família gasta em média menos da metade (1,46% da renda) do que na área urbana (4,3%).
O rendimento de quem vive no campo é, em média, menos da metade do de quem vive nas cidades. Mas o dado não ajuda a explicar diferenças na qualidade de vida. Principalmente porque a pesquisa de orçamentos não traz informações sobre níveis de preço.
Sem os preços de todos os produtos e serviços, não é possível calcular as quantidades consumidas. Como há diferenças nos preços de produtos, é possível que gastos menores no campo com comida, por exemplo, sejam equivalentes a quantidades similares nas áreas urbanas.
A origem dos rendimentos, no entanto, é bem distinta no Brasil rural. De cada R$ 100 ganhos por uma família na área rural, cerca de R$ 53 são renda de trabalho, R$ 16,25 correspondem a transferências, principalmente benefícios da Previdência, e R$ 23,3 são rendimentos não-monetários, como a produção para consumo próprio. Resumindo, transferências e renda não-monetária correspondem a quase 40%. Nas cidades, a renda do trabalho tem peso maior, enquanto os rendimentos monetários e transferências, somados, correspondem a 29% do total.


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