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GASTO BRASIL
Embora mais alta que nas cidades, despesa teve queda em relação a dado de 1975
Comida leva 1/3 da renda no campo
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
As famílias da área rural passaram a gastar menos com alimento
e mais com habitação. Enquanto
os gastos com comida correspondiam a 53% das despesas de consumo em 1975, eles ficaram em
34,12% em 2003. Já os gastos com
habitação, que eram de 17,8%, subiram para 28,7%.
A mudança na estrutura dos
gastos mostra uma melhora nas
condições de vida, já que ela reflete maior acesso a serviços como
energia elétrica, esgoto etc. "A diversificação de gastos é um indicativo da modernização do setor
rural. Os novos gastos refletem
novos acessos a bens e serviços",
diz Marcia Quintslr, coordenadora de índices de preços do IBGE.
Ainda assim, a pesquisa mostra
que a condição de vida no campo,
ou pelo menos a percepção das famílias em relação a ela, é pior do
que na cidade. Cerca de 33% das
famílias na região rural dizem ter
alguma dificuldade para chegar
ao fim do mês com a sua renda.
Nas cidades, o índice é de 27%.
A mudança na estrutura dos
gastos no período 1975-2003 tornou os orçamentos familiares das
regiões urbanas e rurais mais parecidos. Mas ainda há diferenças
marcantes. Uma família da área
rural ainda gasta mais de um terço (34%) da renda com comida,
enquanto nas áreas urbanas essa
proporção é de 19,6%.
Os gastos com educação também são menores na área rural,
onde uma família gasta em média
menos da metade (1,46% da renda) do que na área urbana (4,3%).
O rendimento de quem vive no
campo é, em média, menos da
metade do de quem vive nas cidades. Mas o dado não ajuda a explicar diferenças na qualidade de vida. Principalmente porque a pesquisa de orçamentos não traz informações sobre níveis de preço.
Sem os preços de todos os produtos e serviços, não é possível
calcular as quantidades consumidas. Como há diferenças nos preços de produtos, é possível que
gastos menores no campo com
comida, por exemplo, sejam equivalentes a quantidades similares
nas áreas urbanas.
A origem dos rendimentos, no
entanto, é bem distinta no Brasil
rural. De cada R$ 100 ganhos por
uma família na área rural, cerca
de R$ 53 são renda de trabalho, R$
16,25 correspondem a transferências, principalmente benefícios da
Previdência, e R$ 23,3 são rendimentos não-monetários, como a
produção para consumo próprio.
Resumindo, transferências e renda não-monetária correspondem
a quase 40%. Nas cidades, a renda
do trabalho tem peso maior, enquanto os rendimentos monetários e transferências, somados,
correspondem a 29% do total.
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