São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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TRIBUTOS

Apesar da negativa de Palocci, CUT e parlamentares dizem ainda acreditar em mudança da tabela ainda neste ano

Central mantém pressão sobre correção do IR

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de Antonio Palocci Filho ter dito anteontem que dificilmente a tabela do Imposto de Renda será corrigida neste ano, a pressão do Congresso e dos sindicalistas ainda poderá fazer com que o ministro da Fazenda anuncie algum reajuste em 1º de junho. Se isso ocorrer, a perda de receita será compensada.
"Não estou preocupado com as declarações do Palocci. No dia 1º, quando teremos uma nova reunião, eu só vou querer saber uma coisa: de quanto será a correção?", disse o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho.
Desde o início do governo, Marinho tem negociado várias medidas com Palocci, como a permissão para o desconto de empréstimos bancários em folha de pagamento. Segundo o sindicalista, Palocci estaria agora apenas "falando para o mercado".
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, Palocci não quis, até o fechamento desta edição, comentar as declarações.
Ontem, economistas ligados ao Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) ouviram dos técnicos da Receita que um reajuste de apenas 11,32% na tabela -o que corresponderia à inflação no governo Lula- significaria uma perda de R$ 2 bilhões na arrecadação. A reunião havia sido marcada entre Palocci e Marinho.
Segundo o economista Osvaldo Cavignato, os técnicos da Receita não apresentaram propostas e se limitaram a falar das dificuldades da correção para o Orçamento da União. Isso porque as compensações estudadas, como o aumento da alíquota máxima da tabela de 27,5% para 30%, só podem ser adotadas em 2005.
Ontem, a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou mais um projeto que prevê a correção da tabela. Ela teria um aumento inicial em 2006 para repor a inflação acumulada desde 1996 e a partir daí seria reajustada anualmente.
O projeto está tramitando em regime de urgência e é de autoria do então deputado Ricardo Berzoini, hoje ministro do Trabalho.
O relator do projeto, deputado Paulo Afonso (PMDB-SC), disse que a correção da tabela e das deduções não podem ser consideradas "renúncias tributárias". Assim, não indicou formas de compensar as perdas com a mudança.


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