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BENJAMIN STEINBRUCH
Investir sem medo
É hora de aproveitar a continuidade do ciclo virtuoso da economia global e investir em atividades produtivas
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DOIS ANOS de crescimento
acelerado, com taxa acima
de 5%, são preciosos para o
país. Vivemos esse momento, com
expansão de produção e emprego, a
despeito de obstáculos ainda impostos pelo custo do dinheiro.
Mas esse período de desenvolvimento já expôs fragilidades. Pela
própria cultura do brasileiro, muito
mais voltada à improvisação do que
ao planejamento, e por razões burocráticas, as grandes obras em geral tendem a patinar durante anos.
Porém, se quisermos sustentar o
ritmo de expansão da produção, será indispensável incorporar respeito a cronogramas e agilidade aos investimentos, principalmente em
infra-estrutura.
Na semana passada, o presidente
Lula lançou oficialmente as obras
do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, que deverão começar na primeira quinzena de junho. Essa
obra, já iniciada com a duplicação
de uma das rodovias do complexo,
além de contribuir para descongestionar o trânsito metropolitano, vai
facilitar o acesso ao porto de Itaguaí, para explorar o grande potencial exportador do Rio e de todo o
Sudeste.
Os estudos para a implantação do
porto, que já teve o nome de Sepetiba, começaram em 1973, pelo antigo Estado da Guanabara. Mas o terminal só foi inaugurado em 7 de
maio de 1982, com o início do desembarque de cargas de carvão da
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Peço licença ao leitor para mencionar a empresa que tenho a honra
de dirigir -o que não costumo fazer
neste espaço-, em razão de sua
participação histórica nesse empreendimento logístico de grande
importância para o Rio e para o
país. Num raio de 500 quilômetros
desse porto, estão agentes produtivos responsáveis por 70% do PIB
brasileiro. Pelo porto, passam
anualmente 30 milhões de toneladas de minério de ferro (2007), 7
milhões de toneladas de carvão, 1
milhão de toneladas de alumina e
200 mil contêineres. A CSN decidiu
investir US$ 2,2 bilhões em um
grande projeto logístico em Itaguaí,
onde já opera, com expansões,
construção de um porto privativo,
de um novo terminal de contêineres e de um centro de apoio logístico.
Com o porto privativo e a expansão do atual terminal de cargas, Itaguaí poderá multiplicar por quatro
sua capacidade de exportação de
minério até 2013. Com a ampliação
do terminal de contêineres, a capacidade instalada para movimentação deve subir das atuais 400 mil
para 850 mil unidades por ano.
Além disso, nas proximidades do
porto, a CSN planeja construir uma
nova usina siderúrgica, com capacidade para 4,5 milhões de toneladas
de aço anuais e investimentos de R$
7,5 bilhões.
Com essa programação de investimentos, é fácil imaginar a importância da construção do Arco Rodoviário lançado na semana passada
para o porto de Itaguaí. Essa rodovia
vai cortar a Baixada Fluminense e ligar o município de Itaboraí ao porto
de Itaguaí. Aliada à duplicação da
BR-101 (Rio-Santos) e também às
melhorias nas linhas ferroviárias
MRS Logística na região, a obra vai
facilitar a logística de movimentação de cargas e reduzir significativamente os custos de transportes.
Cada vez mais economistas se
convencem de que a recessão americana, cantada em prosa e verso, pode
não vir e, se vier, será "pálida", como
disse o ex-presidente do banco central dos EUA Alan Greenspan. Então, é hora de aproveitar a continuidade do ciclo virtuoso da economia
mundial. Ou seja, investir sem medo
em atividades produtivas.
BENJAMIN STEINBRUCH , 54, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
bvictoria@psi.com.br
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