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Benefício ao consumidor final será parcial, diz especialista
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os consumidores comuns de
energia elétrica serão beneficiados pelo baixo preço da
energia que será ofertada pela
usina de Jirau, mas esse benefício será relativo. A Usina Hidrelétrica de Jirau, controlada
pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil, será apenas
uma das fontes de geração que
fornecerão para as distribuidoras que levam a eletricidade à
casa dos chamados consumidores cativos.
"É preciso ter cuidado com a
história de que o preço para o
consumidor da usina de Jirau
será de R$ 71,40. Essa é parte da
energia que o consumidor receberá. A distribuidora que entrega a eletricidade ao consumidor final vai comprar energia
mais cara e mais barata. Então,
o consumidor paga uma tarifa
média. Esse preço baixo pode
ser diluído no mix de vários
preços", explica Mateus Andrade, superintendente da comercializadora Delta Energia.
Hoje, o consumidor brasileiro já paga, por exemplo, energia
mais cara devido à decisão do
Comitê de Monitoramento do
Setor Elétrico de ter mantido a
geração de energia com gás natural, uma fonte mais cara do
que a água dos reservatórios.
Até abril, o governo havia estimado que o custo adicional para os consumidores brasileiros
com a geração de térmicas a gás
e com óleo combustível tenha
chegado a R$ 900 milhões. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), parte
desse custo começou a ser repassado às tarifas já na última
revisão tarifária de algumas
distribuidoras do país.
Desde o leilão da usina de
Santo Antônio, em dezembro
do ano passado, o governo tem
dito que o novo modelo do setor elétrico é um sucesso na
meta de reduzir o custo da
energia para o consumidor final. Especialistas tem alertado
de que isso tem sido possível
graças ao valor alto cobrado dos
consumidores livres, que podem comprar energia diretamente das companhias de geração. A preocupação é que esse modelo comprometa a competitividade de indústrias que
têm na eletricidade insumo básico do processo industrial.
Dúvida
Felipe Cunha, analista de
energia do Fator Corretora,
disse que é cedo para comemorar o resultado do leilão de Jirau. Ele considerou baixo demais o preço ofertado pelo consórcio liderado pela Suez, o que
eleva a preocupação sobre o
empreendimento. "Há dois fatores: o consórcio cobrou menos pela tarifa em relação ao
grupo que arrematou a usina de
Santo Antônio. A questão é que
Jirau vai gerar menos do que
Santo Antônio. Nem o consórcio liderado pela Odebrecht,
que poderia ter uma operação
conjunta em Rondônia para a
construção da obra, conseguiu
dar esse lance", pontuou o analista. O que poderá justificar a
decisão da Suez, segundo ele, é
obtenção de uma linha de financiamento mais barata e
uma venda de energia cara para
o mercado livre.
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