São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Benefício ao consumidor final será parcial, diz especialista

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os consumidores comuns de energia elétrica serão beneficiados pelo baixo preço da energia que será ofertada pela usina de Jirau, mas esse benefício será relativo. A Usina Hidrelétrica de Jirau, controlada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil, será apenas uma das fontes de geração que fornecerão para as distribuidoras que levam a eletricidade à casa dos chamados consumidores cativos.
"É preciso ter cuidado com a história de que o preço para o consumidor da usina de Jirau será de R$ 71,40. Essa é parte da energia que o consumidor receberá. A distribuidora que entrega a eletricidade ao consumidor final vai comprar energia mais cara e mais barata. Então, o consumidor paga uma tarifa média. Esse preço baixo pode ser diluído no mix de vários preços", explica Mateus Andrade, superintendente da comercializadora Delta Energia.
Hoje, o consumidor brasileiro já paga, por exemplo, energia mais cara devido à decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico de ter mantido a geração de energia com gás natural, uma fonte mais cara do que a água dos reservatórios. Até abril, o governo havia estimado que o custo adicional para os consumidores brasileiros com a geração de térmicas a gás e com óleo combustível tenha chegado a R$ 900 milhões. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), parte desse custo começou a ser repassado às tarifas já na última revisão tarifária de algumas distribuidoras do país.
Desde o leilão da usina de Santo Antônio, em dezembro do ano passado, o governo tem dito que o novo modelo do setor elétrico é um sucesso na meta de reduzir o custo da energia para o consumidor final. Especialistas tem alertado de que isso tem sido possível graças ao valor alto cobrado dos consumidores livres, que podem comprar energia diretamente das companhias de geração. A preocupação é que esse modelo comprometa a competitividade de indústrias que têm na eletricidade insumo básico do processo industrial.


Dúvida
Felipe Cunha, analista de energia do Fator Corretora, disse que é cedo para comemorar o resultado do leilão de Jirau. Ele considerou baixo demais o preço ofertado pelo consórcio liderado pela Suez, o que eleva a preocupação sobre o empreendimento. "Há dois fatores: o consórcio cobrou menos pela tarifa em relação ao grupo que arrematou a usina de Santo Antônio. A questão é que Jirau vai gerar menos do que Santo Antônio. Nem o consórcio liderado pela Odebrecht, que poderia ter uma operação conjunta em Rondônia para a construção da obra, conseguiu dar esse lance", pontuou o analista. O que poderá justificar a decisão da Suez, segundo ele, é obtenção de uma linha de financiamento mais barata e uma venda de energia cara para o mercado livre.


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