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Para ministra, teles têm um "pouco de medo" da Telebrás
Erenice Guerra, da Casa Civil, diz que não há perda de R$ 20 bi anunciada pelas empresas
Segundo a ministra, serviços
que as empresas prestam ao
governo não representam,
"de forma nenhuma", 20%
do faturamento das teles
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Erenice Guerra
(Casa Civil) classificou de "cabalístico" o número de R$ 20
bilhões que as teles temem perder em contratos públicos para
a Telebrás e disse que esses serviços não representam 20% do
faturamento das empresas. "De
forma nenhuma."
Segundo ela, as teles estão é
com um "pouco de medo" de
enfrentar o efeito regulador de
preços que a Telebrás poderá
exercer no mercado com sua
escolha para gerir o Plano Nacional de Banda Larga.
Em entrevista à Folha, Erenice afirmou que a decisão de
passar para a Telebrás os contratos do governo federal é "estratégica" e de "segurança institucional" e envolverá principalmente os órgãos que trabalham com dados sensíveis, como Banco Central e Receita.
Ontem, a Folha revelou que
as companhias telefônicas temem perder cerca de R$ 20 bilhões por ano com a transferência de contratos com os governos federal, estaduais e municipais para a Telebrás.
A estatal será contratada
sem licitação pela União para
fazer esse tipo de serviço.
Na avaliação das teles, o
atendimento à administração
pública pelas empresas privadas foi um item determinante
nos seus planos de negócios
quando participaram do processo de privatização em 1998.
Elas vão questionar na Justiça
a reativação da Telebrás.
Para Erenice, a reclamação
das teles é estranha. Ela diz
que, no início as teles teriam
afirmado à imprensa que a entrada da Telebrás na prestação
de serviços para órgãos públicos não seria um problema,
mas sim a competição no fornecimento de internet rápida
(banda larga) ao consumidor.
"Depois, quando ficou claro
que a Telebrás não iria competir com as teles na última milha, mas sim fazer parcerias
com elas, o problema mudou,
passou a ser a perda de renda
com contratos públicos."
Segundo Erenice, o valor de
R$ 20 bilhões é "cabalístico
porque ele nunca tinha aparecido antes e não é esse valor [de
contratos das teles com o setor
público] de jeito nenhum" e de
"forma nenhuma representa
20% do faturamento delas".
Segundo o governo, a administração federal gasta por ano
entre R$ 600 milhões e R$ 700
milhões com telecomunicação.
A ministra avaliou que a divulgação dos dados faz parte do
jogo de pressão das teles, classificado por ela de "compreensível", pois, afinal, "cada um
usa as armas que tem".
Ela afirmou, porém, que essa
pressão está mais relacionada
ao fato de as companhias terem
um "certo receio" do papel de
regulador de preços da Telebrás do que da concorrência
em si e da perda de contratos
para o setor público.
O governo acredita que essas
pressões vão diminuir quando
começarem as negociações
com o setor privado na chamada "mesa digital", que vai discutir a implementação do plano que prevê a universalização
da banda larga no país.
As teles foram voto vencido
na disputa com o governo sobre o programa. Desde o início,
elas defendiam que o setor privado fosse o responsável pela
gestão e administração do Plano Nacional de Banda Larga.
As teles contavam com o
apoio do Ministério das Comunicações, mas o presidente Lula optou pelo modelo que reativou a Telebrás, elaborado pela
Casa Civil e pelo Planejamento.
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