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POLÍTICA MONETÁRIA
Armínio Fraga pode decidir novo corte das taxas antes da próxima reunião do Copom, dia 23 de junho
Juro cai para 23,5%; viés de baixa continua
da Sucursal de Brasília
O Banco Central anunciou nova
redução dos juros básicos da economia, que caem a partir de hoje
de 27% para 23,5% anuais, e sinalizou que poderá voltar a baixar a taxa nas próximas semanas.
A tendência de queda dos juros
foi indicada pelo Copom (Comitê
de Política Monetária do BC), que
se reuniu ontem. Além de baixar
os juros básicos, manteve o viés de
baixa para a taxa.
Esse mecanismo autoriza o presidente do BC, Armínio Fraga, a
reduzir os juros quando considerar conveniente, a seu exclusivo
critério, sem esperar pela próxima
reunião do Copom, marcada para
o dia 23 de junho.
O Copom é um conselho formado por diretores (com direito a voto) e chefes de departamento do
BC que se reúne em intervalos de
cinco ou seis semanas para definir
a trajetória dos juros básicos.
A queda dos juros de ontem confirmou as expectativas do mercado
financeiro, que de forma geral
apostava na fixação da taxa Selic
em um intervalo entre 23% e 25%
ao ano.
A Selic é a média das taxas usadas
pelos bancos em empréstimos por
um dia vinculados a títulos federais. Os bancos tomam e concedem empréstimos de curtíssimo
prazo para fechar o caixa no final
do dia. O BC é o principal participante desse mercado e tem grande
influência sobre a Selic.
Sétima redução
Foi a sétima redução da meta da
Selic desde a desvalorização do
real, em janeiro passado, quando o
BC promoveu um choque de juros
para conter pressões inflacionárias.
Os juros básicos, que antes da
desvalorização oscilavam em torno de 29% anuais, foram elevados
pelo BC em vários movimentos seguidos, até atingir 45% anuais.
Em 24 de março o BC começou a
baixar os juros, pois, na sua avaliação, não se confirmaram os sinais
que indicavam alta da inflação.
Segundo o BC, a baixa dos juros
também é justificada pelo retomada dos fluxos de capitais estrangeiros para o Brasil e pelos resultados
que considera positivos nas estatísticas do déficit público.
A Selic é conhecida como a taxa
básica da economia porque as instituições financeiras a utilizam como referência para fixar os juros
de suas operações com clientes.
Com a nova redução da Selic, devem cair os rendimentos das principais aplicações financeiras, como fundos de renda fixa, caderneta de poupança e CDBs.
Consumidor
Teoricamente, também deveriam cair os juros cobrados pelas
instituições financeiras em cartões
de créditos, cheques especiais e
crédito ao consumidor.
Mas, na prática, essas taxas não
vêm caindo proporcionalmente à
redução da Selic. De forma geral,
os bancos alegam altos custos e
inadimplência em seus créditos.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que a expectativa do governo é que os juros reais (descontada a inflação) fiquem em menos
de 10% até o final do ano.
A queda dos juros é considerada
fundamental para a retomada do
crescimento econômico. Os juros
têm forte influência sobre a atividade econômica e o emprego.
De forma geral, quando os juros
ficam mais baixos, as empresas investem mais e criam empregos.
Quando a taxa é alta, ocorre o inverso.
Viés do Fed
Anteontem, o diretor de Política
Monetária do Banco Central, Luiz
Fernando Figueiredo, havia dito
que o viés de alta indicado para os
juros básicos dos Estados Unidos
pelo Fed (o banco central dos
EUA) não iria influenciar a decisão
do Copom, como de fato aconteceu.
Um dos fatores que torna a política monetária do país mais independente é a flutuação do câmbio.
Porém, se os juros norte-americanos subirem, certa influência deverá causar na próxima reunião do
Copom.
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