São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999 |
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MERCADO TENSO Segundo investidores, boatos teriam partido do Brasil; subsecretário da Economia nega mudança cambial Rumor de queda do peso agita Argentina
ANDRÉ SOLIANI de Buenos Aires O mercado financeiro argentino enfrentou ontem rumores de uma possível desvalorização do peso, que segundo investidores locais partiram do mercado brasileiro. O boato obrigou o subsecretário da Economia, Miguel Kiguel, a fazer declarações na mídia para acalmar os ânimos. "A Argentina não vai mudar o seu sistema monetário", disse ele. O ex-ministro da Economia e pai do plano econômico argentino Domingo Cavallo também saiu em defesa do peso. "Nenhum governo argentino vai tocar na conversibilidade." O rumor de ataque ao peso repercutiu na Bolsa de Buenos Aires, que fechou em baixa de 4,29%. O pregão recuperou parte da queda após as declarações de Cavallo e Kiguel, mas voltou a cair. No exterior, os títulos da dívida externa argentina, os FDRs, fecharam em baixa de 1,5%, a US$ 85. O rumor da possível queda do peso começou com declarações do próprio Cavallo ao jornal britânico "Financial Times". Na entrevista, o ex-ministro e atual candidato à Presidência da República afirma que, eventualmente, a Argentina poderia deixar o peso flutuar. Segundo Cavallo, sua declaração foi mal-interpretada, pois essa seria uma medida a ser tomada no longo prazo. O candidato a presidente afirmou que o peso só vai flutuar no dia em que estiver tão forte que se valorizará em relação ao dólar. "A notícia de que o exterior estava desconfiando do modelo argentino foi mais forte," disse Luciano Rolón, analista de mercado da corretora Allaria Ledesma. Segundo Rolón, no entanto, o pregão já havia começado com tendência de queda. "A fragilidade política da equipe econômica, que dificulta o ajuste do déficit fiscal, derrubou a Bolsa pela manhã." Ontem, o mercado voltou a conviver com rumores de um possível renúncia do ministro da Economia, Roque Fernández. O boato foi negado. Na semana passada, depois de rever um corte ao Ministério da Educação, aumentando a meta de déficit fiscal acertada com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o mercado também pensou que o ministro ia se demitir. Duas empresas locais -Central Térmica Guemes e Supercanal Holding- também anunciaram que não terão condições de pagar seus compromissos externos, que somam US$ 360 milhões. Os investidores ficaram preocupados que a suspensão de pagamentos pudesse se generalizar. Essas não foram as primeiras empresas argentinas a entrar em moratória em 99. No começo do ano, a Sociedad Comercial de Plata e a Hidroelétrica Piedra de Aguile também suspenderam o pagamento de algumas parcelas. Texto Anterior: Dutra aciona a Ford na Justiça Próximo Texto: Para analistas, investidores estão mais desconfiados Índice |
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