São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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CONSTRUÇÃO
Valor equivale às garantias da empresa; diferença sobre os créditos é de R$ 152 mi
BB espera receber R$ 172 mi da Encol

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A diferença entre os créditos do Banco do Brasil com a construtora Encol e as garantias apresentadas pela empresa nas operações é de R$ 152,575 milhões.
Os créditos de R$ 324,585 milhões e as garantias de R$ 172,01 milhões foram habilitados nesta semana pelo BB na Justiça de Goiás, que decretou a falência da construtora em fevereiro passado.
O gerente-executivo da área de recuperação de créditos do BB, Mário Wilson Pena Costa, disse à Folha que o banco espera receber da massa falida da construtora um valor correspondente ao das garantias. "O ressarcimento dos créditos concedidos à Encol está no nível das garantias", disse.
As operações do BB com a Encol entre janeiro de 1995 e abril deste ano serão investigadas pela CPI dos Bancos.
Em janeiro de 1995, a dívida da construtora com o banco estava calculada em R$ 89,985 milhões. Em valores atualizados pelo IGP-M (sem considerar as multas por inadimplência e os demais custos das operações), essa dívida chegou a R$ 134,156 milhões.
Na CPI, o BB vai informar que recuperou 35,18% desse total (ou R$ 47,2 milhões) nos últimos quatro anos. Essa será a principal linha de defesa do BB na CPI, conforme apurou a Folha.
Os documentos enviados pelo BB à CPI somam seis volumes e incluem cópias de todos os contratos de crédito, as análises financeiras feitas pelo banco e a quebra do sigilo bancário da construtora.
Pena Costa disse que a diferença entre os créditos de R$ 324,585 milhões (que incluem multas por inadimplência e outros custos operacionais) e as garantias de R$ 172,01 milhões se deve ao fato de essas garantias não terem se valorizado na mesma proporção do volume de dinheiro emprestado.
As garantias da Encol apresentadas pelo BB reúnem imóveis em Brasília, Rio de Janeiro, Juiz de Fora (MG), Niterói (RJ) e em Tocantins, o parque industrial da empresa Noroeste (também em Tocantins) e o patrimônio particular dos ex-controladores da Encol -além de máquinas e equipamentos que pertenciam à construtora.
"Ninguém vai à CPI provar que não aconteceram falhas operacionais nos empréstimos à Encol. Elas existiram, e as pessoas responsáveis já foram punidas", disse o gerente-executivo da área de recuperação de créditos do BB.
Apesar da expectativa de receber de volta o valor correspondente às garantias, o BB ainda não sabe qual será a disponibilidade de recursos determinada pela massa falida da construtora para o pagamento dos empréstimos concedidos.


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