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TELES
Empresa questiona fato de o presidente do conselho ter antecipado o seu voto; Grandino diz que votou "convencido"
Cade retoma hoje batalha Globo-DirectTV
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) retoma hoje o julgamento que decidirá se a DirecTV (TV paga) pode
incluir entre seus canais a TV Globo. A Rede Globo se recusa a assinar contrato com essa finalidade
com a DirecTV.
O processo administrativo se
arrasta desde 1999. Dos sete conselheiros do Cade, quatro já se
manifestaram. O relator do processo administrativo, o ex-conselheiro João Bosco Leopoldino,
deu parecer favorável à DirecTV.
Bosco acatou a argumentação
da DirecTV de que a sua principal
concorrente no mercado de TV
por assinatura via satélite, a Sky
-ligada às organizações Globo-, transmite a Globo para algumas capitais. Por esse motivo,
também teria direito ao mesmo
contrato.
Após a apresentação do voto do
relator, a conselheira Hebe Romano pediu vista do processo. Quando o assunto voltou à pauta do
Cade, ela se manifestou contrária
à posição do relator.
Há duas semanas, Hebe foi seguida em seu voto por mais dois
conselheiros, entre eles o presidente do Cade, João Grandino
Rodas. Ele e Mércio Felski anteciparam os votos depois de um
conselheiro pedir vista.
O diretor jurídico da DirecTV
no Brasil, Fábio Marques, disse
que estranhou o fato de o presidente do Cade ter se manifestado.
"Normalmente o presidente só
vota no caso de desempate, não
entendi essa posição dele."
Philippe Olivier Boutaud, gerente-geral da DirecTV no Brasil,
também considerou estranho o
fato de a votação ter prosseguido
mesmo depois de outro conselheiro ter pedido vista do processo, no dia 6 de junho.
Nesse caso, Grandino e Felski
votaram após o pedido de vista.
Na primeira votação, em março,
quando Hebe Romano pediu vista do processo, a votação foi interrompida.
Outro ponto questionável pela
empresa é o fato de ela ter apresentado um parecer do advogado
Miguel Reale favorável. A Globo
fez uma réplica, apresentando outro parecer. Segundo a DirecTV,
ela deveria ter podido contra-argumentar o parecer contrário, o
que não teria ocorrido. Marques
classifica o fato como "uma agressão processual".
Votos
"Decidi antecipar minha posição por duas razões. Primeiro
porque estava convencido do resultado e segundo porque esse
processo é antigo. Não fazia sentido esperar mais tempo para resolvê-lo", justificou Grandino.
Ele acrescentou que, rotineiramente, quando um conselheiro
pede vista, o presidente pergunta
aos demais integrantes se querem
antecipar o voto. Felski adiantou
sua posição porque era a última
sessão como conselheiro do Cade.
Grandino admitiu que as duas
companhias envolvidas no processo têm usado todos os recursos
permitidos para tentar obter um
resultado favorável. O regimento
do Cade não proíbe conversas
com conselheiros e envio de relatórios com informações complementares.
O presidente do Cade acrescentou que esse é um processo que
envolve duas grandes empresas e,
por essa razão, tornou-se um caso
de grande repercussão. Até o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, já manifestou publicamente sua opinião sobre o caso.
O ministro se posicionou a favor
da Globo.
"O ministro nunca me procurou para tratar desse assunto",
enfatizou Grandino. De acordo
com o presidente do Cade, se um
conselheiro pedir novamente vista do processo, o caso não será
concluído hoje.
Colaborou a Sucursal do Rio
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