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OPERAÇÃO CEVADA
Grupo alega que as fábricas enfrentam problemas para comprar matérias-primas, produzir e distribuir
Com diretoria presa, Schincariol pode parar
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Schincariol pode interromper nesta semana as atividades de suas sete fábricas, que têm
capacidade para produzir anualmente 3 bilhões de litros de cerveja, refrigerantes e água mineral.
Com a prisão de donos e diretores na última quarta-feira, as fábricas enfrentam problemas para
comprar matérias-primas, produzir e distribuir seus produtos.
Uma megaoperação da Polícia e
da Receita Federal prendeu os dirigentes do grupo Schincariol por
suspeita de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos (algo próximo a
R$ 1 bilhão nos últimos cinco
anos), evasão de divisas e corrupção de funcionários públicos.
Os advogados da companhia,
que detém cerca de 13% do mercado brasileiro de cervejas, informam que até ontem ainda não tinham tido acesso aos documentos que levaram os 70 dirigentes
da empresa à prisão.
Hoje, os advogados do grupo
devem ir ao Rio de Janeiro, para
onde foram levados os documentos que solicitam a abertura de inquérito policial, para tratar da defesa e soltura dos funcionários.
Na última quinta-feira, o grupo
Schincariol tirou das emissoras de
televisão a campanha publicitária
da Nova Schin, denominada
"Enrolation", e voltou a veicular a
campanha "Neurônios", lançada
no final de abril.
Com faturamento anual de R$
2,5 bilhões, o grupo Schincariol,
com sede em Itu (interior de SP),
gera 7.000 empregos diretos em
suas fábricas e 25 mil indiretos.
Nota de esclarecimento
O grupo Schincariol divulgou
nota de esclarecimento ao público, publicada hoje em vários jornais, afirmando que apesar de a
prisão de seus dirigentes ter sido
feita sob o argumento de suspeita
de sonegação tributária, "a empresa nem sequer foi atuada pelo
fisco".
Por não ter sido autuada, a empresa afirma que desconhece "por
completo quais as infrações fiscais/tributárias eventualmente
imputadas".
Sem mencionar nomes, a nota
diz que "outras empresas, inclusive do mesmo ramo de atividade,
sofreram recentemente graves
autuações fiscais sem que, no entanto, houvessem provocado repercussão no campo penal".
Segundo a nota, a empresa tornou-se a segunda produtora de
cerveja do país, com sete fábricas
em atividade, e que as obrigações
trabalhistas e fiscais do grupo são
cumpridas no vencimento. A nota diz que, em 2004, o grupo pagou R$ 1,2 bilhão em tributos e,
neste ano, R$ 700 milhões.
Em entrevista à Folha há três semanas, Gustavo Almeida Dias de
Souza, gerente jurídico tributário
do grupo -que está preso-,
afirmou que a empresa está com
as contas em dia com o fisco.
Segundo ele, a companhia sente-se prejudicada em relação à
principal concorrente, a AmBev,
devido à lei nš 7.798/89, que estabelece a cobrança do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
sobre o volume de vendas.
Essa lei alterou a forma de cobrança do imposto sobre o setor
de bebidas, que passou a ser um
valor fixo, por tipo e volume de
produto. Por vender produtos de
menor valor, a empresa acaba,
proporcionalmente, pagando
mais imposto por unidade vendida, segundo Dias de Souza.
Os concorrentes e a Receita Federal argumentam que essa forma de cobrança evita a sonegação fiscal no setor de bebidas. Segundo a Receita, a sonegação no setor
foi de R$ 655 milhões em 2004.
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