São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Magnata da mídia exalta qualificação do conteúdo

Noticiário específico tende a se valorizar, diz Murdoch, do "Wall Street Journal"

Crescimento da China e da Índia e maior influência do Brasil vão se contrapor a "tempos difíceis" em países desenvolvidos, afirma


CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Publicitários e anunciantes pararam as atividades por quase uma hora no fim da belíssima tarde de ontem em Cannes, durante o Festival Internacional de Publicidade, para ouvir o magnata australiano Rupert Murdoch.
Dono do News Corp, o maior grupo de comunicação por valor de mercado do mundo, que abriga o "Wall Street Journal", os canais Fox News e Sky, o estúdio 20th Century Fox, entre dezenas de outros, Murdoch carregava uma mensagem óbvia para seu público-alvo: em tempos de crise, o melhor a fazer por sua marca é continuar anunciando -afinal de contas, é disso que todos vivem.
O que a platéia queria saber, no entanto, é se o homem que construiu o império de comunicação tem uma visão clara de como será o futuro da área que se torna diferente a cada dia. Apesar de diversificar com investimentos nos mais variados setores da comunicação real e virtual, como o site de relacionamento MySpace, Murdoch deixou claro que o investimento em conteúdo de qualidade é a melhor alternativa.
"Em poucos anos, o faturamento da DowJones [empresa do NewsCorp] com serviços on-line passará de 50% para 75%", disse Murdoch. "Mas antes eu quero fazer do jornal ["The Wall Street Journal", que faz parte da DowJones] o melhor do mundo. Investiremos esforços incontáveis e teremos o melhor jornalismo da área."

Cobrar mais
Isso porque, segundo ele, o enriquecimento mundial continua crescendo a despeito de qualquer crise, bem como a demanda por informações de boa qualidade. Além disso, diz ele, a qualificação também permitirá cobrar mais por noticiários de interesse específico.
Segundo Murdoch, sua maior surpresa ao assumir o controle do "Wall Street Journal" foi a maneira positiva como os jornalistas reagiram à sua liderança. Na época da compra, no fim do ano passado, houve muitas críticas e previsões de que os jornalistas não se submeteriam aos interesses do News Corp.
No palco da auditório Debussy, onde acontecem as palestras do festival, Murdoch foi questionado por Hamish McLennan, presidente-executivo da agência Young&Rubicam, sobre assuntos tão díspares quanto a eleição nos Estados Unidos, a preocupação com a inflação global, sites de relacionamento e reality shows. Segundo Murdoch, o avanço da inovação tecnológica dos últimos 15 anos se espalhará de maneira explosiva em três anos, para todo o mundo.
Ele não vê, no entanto, uma grande ameaça de aumento da insegurança no mundo nos próximos anos, mas contínuo crescimento econômico, mesmo com recessão nos países desenvolvidos. "Apesar dos tempos difíceis, a China e a Índia continuarão crescendo, e o Brasil, ganhando poder", disse.
Pouco antes da palestra de Murdoch, foram divulgados os finalistas de filmes no festival de Cannes. As agências brasileiras tiveram 15 indicações no segmento. Os vencedores das últimas categorias e o balanço final sairão amanhã.


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