São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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Governo discute como prorrogar IPI menor

Fazenda quer que alíquota sobre carros aumente progressivamente; empresas pedem manutenção do benefício atual

Isenção de IPI de veículos acaba no dia 30, mas Lula está decidido a prorrogá-la como estímulo à economia para o ano ter PIB positivo


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Decidido a prorrogar mais uma vez a isenção do IPI para a compra de veículos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arbitra uma disputa da equipe econômica contra empresários e sindicalistas pelo formato final da medida.
Como a Folha antecipou, Lula prorrogará o benefício, que tem previsão de acabar no fim do mês. O ministro Guido Mantega (Fazenda) quer uma redução progressiva da isenção. Sindicalistas e empresários pedem que a isenção atual seja mantida por ao menos três meses. Na última vez em que Lula arbitrou essa disputa, os sindicalistas e empresários levaram a melhor, e a redução foi prorrogada de abril até junho.
Na visão da Fazenda, uma redução progressiva da isenção do IPI induziria um consumo maior de novos automóveis em julho. Mantega deseja que, mês a mês, haja redução no percentual de isenção. Para a Fazenda, isso estimularia compras em julho, já que o veículo estará mais barato do que em agosto. Em agosto, seria mais barato do que setembro. Até voltar a cobrança total do IPI a partir de janeiro de 2010.
A Fazenda argumenta que essa proposta sinalizaria que a economia voltou a dar sinais de normalidade e que o país começaria a se afastar da crise. Mais: haveria recuperação da arrecadação de impostos, que caiu mais do que o esperado.
Mantega argumenta que os bancos ampliaram prazos de financiamento e reduziram juros, o que contribui para maior venda de carros novos.
Lula, porém, ouve críticas à proposta. Empresários e sindicalistas argumentam que a medida deu certo e que muitos consumidores ainda não compraram carros novos porque estariam economizando e aguardando o final do ano, quando há mais promoções.
Na opinião de empresários e sindicalistas, a isenção total deveria valer até o final do ano. Eles argumentam que, se a equipe econômica quer avaliar o ritmo da economia, poderia fazê-lo no terceiro trimestre deste ano e, então, optar pela redução progressiva.
Nas conversas reservadas, Lula tem dito que deseja um PIB positivo em 2009. Os sindicalistas e empresários alegam que a manutenção da isenção total reforça a chance de uma número positivo.
Para Lula, é uma questão de honra evitar "PIB zero" ou PIB negativo. Ele deseja ter discurso contra a oposição para chegar a 2010 com argumentos que lhe permitam defender o seu governo e a eventual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao cargo.
Quando decidiu no início de março que renovaria a prorrogação do IPI, Lula disse a auxiliares que a medida tinha sido uma das de maior sucesso no combate aos efeitos da crise.
A cadeia de produção de veículos emprega muita mão de obra intensiva e é longa. Ou seja, afeta outros setores e gera muitos empregos. Nesse contexto, Lula avalia que a proteção ajuda a dar uma sinalização geral para a economia e evita grande onda de demissões.


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