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Governo discute como prorrogar IPI menor
Fazenda quer que alíquota sobre carros aumente progressivamente; empresas pedem manutenção do benefício atual
Isenção de IPI de veículos acaba no dia 30, mas Lula está decidido a prorrogá-la como estímulo à economia para o ano ter PIB positivo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Decidido a prorrogar mais
uma vez a isenção do IPI para a
compra de veículos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arbitra uma disputa da equipe
econômica contra empresários
e sindicalistas pelo formato final da medida.
Como a Folha antecipou,
Lula prorrogará o benefício,
que tem previsão de acabar no
fim do mês. O ministro Guido
Mantega (Fazenda) quer uma
redução progressiva da isenção. Sindicalistas e empresários pedem que a isenção atual
seja mantida por ao menos três
meses. Na última vez em que
Lula arbitrou essa disputa, os
sindicalistas e empresários levaram a melhor, e a redução foi
prorrogada de abril até junho.
Na visão da Fazenda, uma redução progressiva da isenção
do IPI induziria um consumo
maior de novos automóveis em
julho. Mantega deseja que, mês
a mês, haja redução no percentual de isenção. Para a Fazenda, isso estimularia compras
em julho, já que o veículo estará mais barato do que em agosto. Em agosto, seria mais barato do que setembro. Até voltar
a cobrança total do IPI a partir
de janeiro de 2010.
A Fazenda argumenta que
essa proposta sinalizaria que a
economia voltou a dar sinais de
normalidade e que o país começaria a se afastar da crise.
Mais: haveria recuperação da
arrecadação de impostos, que
caiu mais do que o esperado.
Mantega argumenta que os
bancos ampliaram prazos de financiamento e reduziram juros, o que contribui para maior
venda de carros novos.
Lula, porém, ouve críticas à
proposta. Empresários e sindicalistas argumentam que a medida deu certo e que muitos
consumidores ainda não compraram carros novos porque
estariam economizando e
aguardando o final do ano,
quando há mais promoções.
Na opinião de empresários e
sindicalistas, a isenção total deveria valer até o final do ano.
Eles argumentam que, se a
equipe econômica quer avaliar
o ritmo da economia, poderia
fazê-lo no terceiro trimestre
deste ano e, então, optar pela
redução progressiva.
Nas conversas reservadas,
Lula tem dito que deseja um
PIB positivo em 2009. Os sindicalistas e empresários alegam que a manutenção da isenção total reforça a chance de
uma número positivo.
Para Lula, é uma questão de
honra evitar "PIB zero" ou PIB
negativo. Ele deseja ter discurso contra a oposição para chegar a 2010 com argumentos
que lhe permitam defender o
seu governo e a eventual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao cargo.
Quando decidiu no início de
março que renovaria a prorrogação do IPI, Lula disse a auxiliares que a medida tinha sido
uma das de maior sucesso no
combate aos efeitos da crise.
A cadeia de produção de veículos emprega muita mão de
obra intensiva e é longa. Ou seja, afeta outros setores e gera
muitos empregos. Nesse contexto, Lula avalia que a proteção ajuda a dar uma sinalização
geral para a economia e evita
grande onda de demissões.
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