São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2004

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Evento dá início a campanha que visa informar consumidor sobre tributos em bens e serviços

"Feirão" em SP destaca peso dos impostos

DA REPORTAGEM LOCAL

Parecia um supermercado, mas o principal produto na prateleira era informação. Das 9h às 18h de ontem, um evento organizado no Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, esclareceu os poucos passantes que não foram afastados pela chuva da quantidade de impostos embutidos em alimentos, eletrodomésticos e até itens como casa própria e automóvel.
Em uma tenda, decorada com cartazes com frases como "Pague mais, leve menos", entidades representativas do comércio colocaram todos esses produtos e muitos mais com as seguintes informações: preço, percentual em carga tributária e o equivalente em reais aos impostos.
O "Feirão do Imposto" é o início de uma campanha da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e de outras entidades pela regulamentação de uma lei federal que determina que a população seja informada sobre os impostos em bens e serviços.
A idéia é, a partir do segundo semestre, começar a coletar assinaturas para apresentar ao Congresso. "Acreditamos que conseguiremos coletar entre 500 mil e 1 milhão de assinaturas", afirmou o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos.
A campanha foi organizada por entidades comerciais, como a ACSP, a Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e a Conaje (Confederação Nacional dos Jovens Empreendedores) e tem o apoio do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
Segundo Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, a expectativa é que a arrecadação tributária atinja R$ 650 bilhões neste ano. "Isso é o equivalente a mais de R$ 54 bilhões todo o mês, ou R$ 1,85 bilhão por dia, ou R$ 75 milhões por hora, ou R$ 1,25 milhão a cada minuto", afirmou.

Maior entre emergentes
De acordo com Amaral, o Brasil tem a maior carga tributária entre os países emergentes. "É a segunda maior carga tributária sobre salário do mundo. Só perde para a Dinamarca, mas lá os cidadãos têm retorno em serviços pelo tanto que pagam de impostos", afirmou.
"Não tinha idéia de que a gente pagava tanto imposto", afirmou a aposentada Restituta Caramigo Fermino, 72. "Mas também não sei se vai adiantar a gente ficar sabendo: vamos pagar do mesmo jeito", disse.
Os organizadores pretendem reproduzir o evento em outras capitais do país e em outras cidades do Estado no dia 7 de agosto, para dar um caráter nacional ao movimento.


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