São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Ouro e design turbinam embarque de jóias

Instituto prevê que exportação crescerá entre 15% e 20% neste ano, após alcançar marca de US$ 1,3 bilhão em 2007

Indústria brasileira busca avançar em mercados emergentes, como Rússia e países produtores de petróleo no Oriente Médio


GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Depois de alcançarem pouco mais de US$ 1,3 bilhão em 2007, as exportações brasileiras de jóias devem crescer de 15% a 20% neste ano, prevê o IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
Segundo Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM, as receitas das vendas externas aumentam não apenas pela alta da matéria-prima -o ouro, em particular. A indústria de jóias aprimora o design das peças e avança na conquista de mercados emergentes, como Rússia e países do Oriente Médio que se dedicam à produção de petróleo.
Estatísticas internacionais compiladas pelo IBGM mostram o Brasil como 23º maior fabricante de jóias de ouro. Desde 2004, a produção tem oscilado em torno de 22 toneladas anuais. O uso do metal se estabiliza porque a indústria busca conter a alta de custos usando cada vez mais gemas no lugar de peças apenas de ouro. Cresce também o uso de "material alternativo", como couro, madeira, borracha, resinas e fibras vegetais.
O solo brasileiro é conhecido pela diversidade de pedras preciosas. Sem contar o diamante, o rubi e a safira, estima-se que do país se extraía um terço do volume de gemas do mundo. De garimpos brasileiros, se obtêm a segunda maior produção global de esmeraldas e a única de topázio imperial. O Brasil também produz em larga escala citrino, ágata, ametista turmalina, água-marinha, topázio e cristal de quartzo.
O IBGM estima que o país conte com mais de 2.200 empresas nesse setor. Por volta de 850 trabalham com lapidação e artefatos de pedras. Joalheria com ouro e prata conta com mais 750, e folheados de metais preciosos, outras 600.
O parque industrial se concentra em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Novos pólos industriais surgem, segundo o IBGM, no Paraná, no Pará, no Amazonas e em Goiás.

Organização
A cadeia produtiva das jóias brasileiras se divide em dois mundos. A indústria de joalheria de ouro e de metais preciosos investe em design, procurando manter competitividade nos preços. "Há o DNA brasileiro [com referências a símbolos da cultura, da flora e da fauna típicos do país], mas sem faltar um caráter cosmopolita", diz Hécliton Henriques, do IBGM.
Por outro lado, a lapidação e a fabricação de artefatos de pedras são feitas por pequenas empresas, muitas de "fundo de quintal". A indústria tradicional enfrenta concorrência cada vez maior dos microateliês de designers e ourives, além das lojas de varejo, que procuram cativar a clientela com atendimento mais personalizado.
Em algum lugar entre esses dois mundos, a informalidade campeia. No mercado interno, já foi maior, é verdade, em torno de uns 50% há cinco anos. Reduziu-se para a faixa de 30% a 40%, estima o IBGM.
Estes são os motivos para vendas sem nota: a alta carga tributária e as próprias características do setor, que favorecem o comércio informal -produtos de pequenos volumes e altos valores; e industrialização e distribuição realizadas por pequenos estabelecimentos espalhados pelo país, o que dificulta e encarece a fiscalização.
A carga tributária permanece elevada. Em São Paulo, Estado mais rico do país, é de 43%, enquanto a média internacional gira em torno de 15%, de acordo com o IBGM. Isso mesmo com o setor tendo se beneficiado da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 20% para 12%.
O IBGM atribui a redução da informalidade à crescente regularização das empresas. Para isso, contribui o número cada vez maior de transações comerciais com cartões de crédito, muitas delas a prazo, no lugar de cheques pré-datados. "Há a necessidade de emitir nota fiscal", diz Henriques.
Na exportação, o registro da informalidade praticamente inexiste, pois há apenas incidência do Imposto de Renda.


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