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Mesmo com lei do SAC, atendimento piora
Acesso de consumidores a atendentes cresce, mas qualidade do serviço cai, aponta pesquisa com empresas de seis setores
Consultoria Everis, autora do estudo, diz que dados sugerem que empresas "só contrataram", em vez de melhorarem seus serviços
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Reinaldo Buri, que teve problemas com o SAC da Telefônica
JULIO WIZIACK
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Meses após sua implantação,
em dezembro do ano passado, a
Lei do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) ainda
está longe de surtir o efeito necessário para os consumidores
que dependem dos call centers
na hora de fazerem valer seus
direitos pela qualidade de produtos e serviços.
É o que revela pesquisa feita
pela consultoria Everis, que
testou o call center de 69 companhias no país em seis setores
(telefonias fixa e móvel, empresas de transporte de passageiros, planos de saúde, instituições financeiras e seguradoras). A pesquisa foi feita em
dois períodos deste ano: em janeiro, um mês após a lei entrar
em vigor, e em abril.
Entre janeiro e abril, as empresas melhoraram, em média,
em 44% o acesso dos consumidores ao SAC, mas a qualidade
do atendimento caiu. O acompanhamento dos pedidos, por
exemplo, registrou queda de
12% na qualidade. O envio de
e-mails confirmando a solução
das demandas caiu 55%.
Esses números variaram por
setor. Na telefonia móvel, a
qualidade do atendimento caiu
praticamente pela metade, segundo a Everis. "Nenhuma das
operadoras enviou e-mail ao
término da resolução dos chamados," afirma Rodrigo Gonsales, sócio da Everis.
Apesar de a amostragem ser
pequena, as empresas foram
escolhidas por terem bases de
clientes expressivas capazes de
representar os setores em que
atuam, segundo a Everis.
Para Teodoro Lopez, vice-presidente da consultoria, a
pesquisa revela que a melhoria
no acesso aos SACs indica que
as companhias investiram pesado só na contratação de funcionários. "Elas incharam seus
call centers só para atender a
lei. Resolver o problema do
cliente depende da empresa,
não de um SAC. Se os produtos
ou os serviços são ruins, não
adianta investir no SAC, pois os
problemas vão continuar."
É o que considera Reinaldo
Buri, dono do bufê Chef em Casa. "Quanto mais você tem de
ligar para um call center, pior é
a qualidade do serviço dessa
empresa. Acho que a boa empresa não recebe chamada pelo
SAC, porque presta um bom
serviço ou tem bons produtos."
Buri passou os últimos dois
meses tentando cancelar seu
Speedy, serviço de acesso à internet da Telefônica. "Eu esperava demais, os atendentes não
localizavam meu protocolo e as
informações dadas por um funcionário eram desmentidas depois por outros."
Buri pensou estar preso à
cláusula de fidelidade que o impedia de encerrar o contrato
com o Speedy. Obteve o cancelamento, após 60 dias, quando
uma atendente verificou no sistema a inexistência da cláusula.
Diferentemente de Buri,
5.560 brasileiros não tiveram
seus problemas resolvidos pelos SACs e tiveram de recorrer
aos Procons.
Entre dezembro de 2008 e
abril, a telefonia fixa respondeu
por quase 30% dessas reclamações, segundo o DPDC (Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor), do Ministério
da Justiça. Somando com os
protestos contra as teles móveis, que centralizaram 27,45%
das reclamações, a telefonia ficou com metade das demandas.
Além da telefonia, os setores
com mais reclamações contra
os SACs foram o das instituições financeiras, com 28,56%
das reclamações; o de TVs por
assinatura (5,11%), o de planos
de saúde (2,95%) e o de companhias elétricas (2,88%).
Segundo levantamento do
DPDC, foram aplicadas 431 autuações em 15 Estados entre
dezembro do ano passado e
abril deste ano.
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