São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Montadoras subestimaram alta da demanda no Brasil

Apenas quatro entre as dez maiores montadoras presentes no país acompanharam o ritmo de crescimento de mercado de janeiro a julho. As outras subestimaram a demanda, não aumentaram a capacidade ou não diversificaram o mix de produtos em velocidade suficiente e ficaram sem carros para atender aos consumidores.
A própria Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) errou suas previsões. A entidade tinha estimado incremento de 7,7% nas vendas ao mercado interno, em 2007. Segundo a agência Autodata, entre janeiro e julho, o aumento foi de 26,6%. Apenas Fiat, Volkswagen, Renault e Peugeot cresceram mais do que esse percentual. E as outras?
"O mercado se aqueceu muito rápido", afirma José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM (General Motors). "Mudamos a estratégia de produção envolvendo todo o Mercosul, fizemos investimentos de US$ 300 milhões, mas aumento de capacidade não acontece em um pulo: há uma curva ascendente antes de alcançar a produtividade plena."
A montadora, que espera bater seu recorde de vendas em agosto, atingindo a marca de 50 mil carros, deverá crescer 19% neste ano. Para um de seus modelos, o Prisma, há fila de espera de 60 dias. "O que não é bom, já que queremos atender ao mercado", diz Pinheiro Neto.
A Honda foi ambiciosa e traçou a estratégia de crescer 20% em 2007. Atingiu a meta, porém o mercado avançou mais rápido. Hoje, há filas de 30 a 35 dias para quem quiser comprar o New Civic.
Alberto Pescumo, gerente-geral comercial da área de automóveis da Honda, afirma que a capacidade produtiva da montadora passou de 315 carros por dia, em dezembro de 2006, para 550 carros por dia, em agosto de 2007.
"Com três turnos, o pessoal treinado e as máquinas funcionando a pleno vapor, conseguiremos alcançar o crescimento do mercado no segundo semestre", diz Pescumo.
Já a Toyota afirma que não tem como competir com as outras montadoras, já que as quatro categorias em que está presente no Brasil respondem por apenas 10% do mercado. A montadora não tem planos de entrar em outros segmentos.
Numa das categorias, a de picapes médias a diesel, o mercado encolheu 4%, enquanto a marca viu suas vendas aumentarem 25%. A empresa aumentou a produção de 45 mil unidades por mês para 65 mil, mas, mesmo assim, há espera de um mês pela Hillux.
Já em outra categoria, a dos utilitários desportivos, a participação da Toyota caiu de 92% para 50%, com a entrada de concorrentes no segmento.
Procuradas pela Folha, as outras montadoras que cresceram menos do que o mercado preferiram não se manifestar.

ELETRÔNICO

A UserID, empresa especializada em projetos de segurança corporativa, internet banking e comércio eletrônico, acaba de lançar a BRToken, uma divisão para fabricar segurança digital com tecnologia totalmente brasileira. Em setembro, ela vai inaugurar uma nova unidade fabril, localizada no pólo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí (Minas Gerais), região conhecida como Vale da Eletrônica. Haverá um centro de desenvolvimento de software. De acordo com César Lovisaro, diretor comercial, a empresa já está em negociação para realizar um projeto de 300 mil cartões para um grande banco. Entre os principais clientes da UserID, estão Bradesco, HSBC, Itaú e Unibanco.

Índia é novo foco de escritório

O escritório Machado Associados construiu uma ponte com a Índia. A responsável é a advogada Fabíola Girão Vaidyanathan, que comanda o "region desk" voltado para atender investidores e empresas no eixo Brasil-Índia e cada vez mais tem recebido solicitações de interessados em investir nos países. "Há dois anos fazemos estudos sobre o país e, no ano passado, recebemos 18 empresas indianas para reuniões preliminares", diz.
Entre as principais características notadas por Vaidyanathan, os brasileiros têm forte interesse no mercado de infra-estrutura e de segurança privada da Índia, enquanto os indianos gostariam de investir na área de tecnologia no Brasil. "Além das farmacêuticas, que já estão presentes no mercado brasileiro."
O grande problema está na série de diferenças culturais entre os dois países. "São dois mercados que não se conhecem muito bem. Existe uma curiosidade imensa e um potencial muito grande, porque são complementares", afirma.
A advogada foi integrante da comitiva oficial do presidente Lula na Índia, no ano passado, quando fez palestras para empresários dos dois países interessados neste intercâmbio.

SIRENE

Cerca de 35% dos processos de consumidores que pleiteiam indenização por conta do acionamento do alarme sonoro instalado em grandes lojas acontecem devido ao tipo de abordagem que ocorre nos estabelecimentos. O dado é resultado de pesquisa do escritório Peixoto e Cury Advogados, especializado em área empresarial, feita com base em 600 processos. Veja acima conclusões da pesquisa. Até 1988, antes da promulgação da Constituição, os processos por abordagem estavam em terceiro lugar, atrás de erros de publicidade e insatisfação com produtos.

NO BALANÇO
O setor brasileiro de telecomunicações cresceu 10,9% em 2006, segundo o "Anuário Telecom" 2007, que a Plano Editorial lança amanhã, em SP. A publicação analisou, com apoio da EAESP-FGV (escola de administração), os balanços de 169 empresas, de 28 segmentos. Essas empresas tiveram receita líquida de US$ 51 bilhões. Em 2005, foram US$ 45,9 bilhões. A receita gerada pelas atividades de serviços (US$ 44 bilhões) superou em mais de seis vezes o faturado com a venda de produtos (US$ 7 bilhões).

NA ESCOLA
Jacques Gelman, responsável pelos cursos In Company da GV, recebe 55 presidentes e CEOs do YPO (Young President's Organization), entidade que reúne mais de 11 mil CEOs em 90 países. Serão estudados casos de empresas nacionais e multinacionais, no modelo similar ao adotado pela Harvard Business School. Neste ano, um dos casos é do Magazine Luiza, e Luiza Trajano estará presente para avaliar a solução apresentada. Também estarão presentes Oded Grajew e o ex-ministro Luiz Fernando Furlan.


com ISABELLE MOREIRA LIMA, JOANA CUNHA e CRISTIANE BARBIERI


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