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MERCADO FINANCEIRO
Maioria dos bancos não cobra pela abertura; movimentação entre aplicações será isenta de CPMF
Conta-investimento passa a valer no dia 1º
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir do próximo dia 1º, os
investidores poderão realizar
transferências entre suas aplicações financeiras sem pagar CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira). Mas,
para isso, terão de ser titulares de
uma conta-investimento.
O surgimento da conta-investimento não virou, pelo menos até
o momento, uma fonte extra de
arrecadação por parte dos bancos. As principais instituições financeiras optaram por não cobrar taxas de abertura e manutenção das contas-investimento.
Mais: as instituições têm, de um
modo geral, aberto as contas-investimento de forma automática
para os clientes que já têm aplicações no banco.
Para quem não é cliente do banco, os documentos exigidos são,
normalmente, os mesmos necessários para a abertura de uma
conta-corrente. É, preciso, porém
se informar nas agências.
O governo criou, em medida
provisória editada em 1º de abril,
a conta-investimento, uma conta
bancária que permitirá aos clientes transferirem recursos de um
fundo de um investimento para
outro sem pagar a CPMF, cuja alíquota é de 0,38%.
Com a criação do recurso, não
haverá incidência do tributo sobre os recursos transferidos de
uma aplicação financeira -fundos de investimentos, CDBs (Certificados de Depósitos Bancários)- para outro, mesmo entre
bancos distintos, desde que o aplicador tenha a referida conta.
"A tendência que tenho notado
é a de as instituições não cobrarem tarifas pela conta-investimento", afirma João Rabêllo, presidente eleito da ABBC (Associação Brasileira de Bancos).
"A CPMF vinha inibindo as migrações de recursos, entre fundos
e instituições, nos últimos anos.
Com a nova regra, os pequenos
bancos devem ter melhores condições de concorrência", completa Rabêllo.
A conta-investimento elimina a
incidência da CPMF na transferência do dinheiro de uma aplicação para a outra. Será uma espécie
de ambiente no qual os recursos
poderão migrar de aplicação livres da cobrança.
Mas os recursos que estavam
aplicados antes da entrada em vigor da nova conta -ou seja, 1º de
outubro- terão de pagar um
"pedágio" (a própria CPMF de
0,38%) para se beneficiarem da
nova medida.
Os recursos já aplicados até 30
de setembro terão de ser transferidos para a conta-investimento
-pagando CPMF- para depois
passarem a ser realocados usufruindo da nova vantagem.
Para o investidor não pagar o
tributo sobre os investimentos já
aplicados, terá de esperar, sem
movimentar o dinheiro da atual
aplicação, até 1º de outubro de
2006. A partir dessa data -dois
anos após a conta-investimento
passar a vigorar- todo dinheiro
aplicado antes será beneficiado
pela medida.
Para o diretor de Normas do
Banco Central, Sérgio Darcy, a expectativa é que não ocorra grandes migrações de recursos após
começar a valer a nova medida.
"O cliente está aguardando o
início do funcionamento da nova
conta com muita serenidade. O
investidor brasileiro, principalmente o pequeno e o médio, não
tem um perfil de aplicar a curto
prazo", afirma Sérgio de Oliveira,
diretor-executivo do Bradesco,
para quem também não devem
ocorrer fortes migrações estimuladas pelo benefício.
A conta-investimento deveria
ter entrado em vigor em 1º de
agosto. Mas, a pedido dos bancos
-e a contragosto do governo-,
o Congresso alterou a data em
dois meses para que ela passasse a
vigorar.
As instituições financeiras alegaram ter problemas operacionais para dar início à conta-investimento a partir de agosto. "Acredito que agora não teremos esses
problemas", afirma Darcy, do BC.
Como a conta-investimento
permitirá que um investidor troque de aplicação, mesmo para
uma instituição diferente, sem pagar CPMF, os bancos terão de
mostrar que seus produtos são
mais interessantes e/ou rentáveis
para tentar segurar o cliente. A indústria de fundos de investimento
no país tem um patrimônio de
cerca de R$ 550 bilhões.
"O interesse do governo, ao
criar esse novo mecanismo, foi
exatamente o de aumentar a concorrência e a competitividade entre as instituições", diz Darcy.
Os bancos têm mandado cartas
a seus clientes e colocado informações em suas páginas na internet para tentar esclarecer as dúvidas sobre o tema.
Marcos Buckton, diretor de
captação do Unibanco, diz que,
por enquanto, a procura por informação foi pequena. "Mas acredito que, nos últimos dias antes
da medida entrar em vigor, a procura cresça. O brasileiro gosta de
deixar as coisas para a última hora", declarou.
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