São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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MERCADO ABERTO

Brasil amplia mercado para dívida

Ao emitir, achpela primeira vez, títulos da dívida externa atrelados ao real, o governo está abrindo um novo mercado para captação de recursos. O Brasil passa a contar, a partir de agora, com os investidores de fora do país que estão dispostos a aplicar na moeda brasileira. Esses investidores certamente não comprariam títulos em real no Brasil, por exemplo.
A avaliação é do economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio-diretor da Mauá Investimentos e ex-diretor do Banco Central. Para ele, só esse fato já garante mais tranqüilidade para o governo poder vender seus títulos.
Além disso, Figueiredo destaca também que essa emissão de títulos externos em real torna a moeda do país mais negociável. Ou seja, aumenta a conversibilidade da moeda. "Os investidores passam a correr o risco na nossa moeda", diz o economista.
Figueiredo considerou extremamente positivas as condições tanto de juros como do prazo para o título lançado ontem pelo Tesouro. Os juros foram de 12,75% ao ano, e o título vence em 2016. "Quando se imaginou que o Brasil iria emitir um título com prazo de mais de dez anos e a essa taxa de juros prefixada?", disse Figueiredo.
O mais interessante é que essa emissão ocorre em meio a um grande terremoto político envolvendo o governo. Para o economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Princeton (EUA), esse lançamento de ontem é sinal de maturidade da economia brasileira.
Segundo Scheinkman, os países passam por crises políticas, mas o efeito delas sobre a economia às vezes é muito pequeno. A Itália, por exemplo, nas décadas de 1960 e 1970, sofreu inúmeras crises, inclusive com trocas de gabinetes, e nem por isso a economia deixou de crescer em ritmo acelerado. "Os fundamentos da economia brasileira estão melhores e garantindo essa tranqüilidade", diz Scheinkman.

EM PORTUGAL
A Embratur quer atingir 2 milhões de consumidores com uma campanha de divulgação do Brasil que realiza em Portugal. A entidade apóia a rede de supermercados portuguesa Intermarché, que neste mês divulga informações do Brasil para seus clientes. A Apex viabilizou uma seleção de produtos brasileiros para serem vendidos na rede.

MISTURA
A Smirnoff apresenta neste mês um de seus principais lançamentos para o ano, uma caipirinha de vodca pronta para beber. O lançamento do produto irá receber 30% da verba anual de marketing da marca.

CAPITAL DO PÃO
De 4 a 8 de outubro, Belo Horizonte será sede de uma série de eventos do setor de panificação. Um dos principais será o congresso brasileiro da indústria de panificação e confeitaria. Os eventos devem gerar R$ 80 milhões em negócios.

APOSTA MUSICAL
A fabricante de instrumentos musicais Yamaha Musical pretende investir no segmento de templos religiosos no Brasil. Segundo a empresa japonesa, a maioria das igrejas estimula atividades musicais. A intenção da companhia é ajudar no desenvolvimento dos sistemas de sons desses espaços. O presidente da empresa, o japonês Kenishi Matsushiro, diz que os equipamentos de som digitais são os que melhor se enquadram no perfil desses consumidores. A estratégia de se aproximar do público religioso não fica restrita ao Brasil. América Latina e EUA são outro alvo da empresa, que viu suas vendas no Brasil crescerem 30% até o mês de agosto. O dólar fraco ajudou a Yamaha, que importa seus produtos. Matsushiro, no entanto, não acredita na manutenção da moeda nesse patamar, motivo pelo qual aposta em novos mercados, como o religioso.

EFEITO "MENSALÃO"
As máquinas picotadoras de documentos estão em alta. Em tempos de "mensalão", a Procalc, que vende esses equipamentos, viu as vendas do produto crescerem 300% em 2004. "Só em Belo Horizonte, as vendas subiram 400% neste ano. Parece que Marcos Valério está presenteando seus amigos com picotadoras", diz Lucas Huang, diretor comercial da empresa. Huang diz que a máquina não tem como principal função esconder fraudes. "As empresas podem garantir a segurança de informações comerciais sigilosas." A Procalc, cujo principal negócio é a venda de calculadoras, espera que a participação das vendas das picotadoras passe dos atuais 15% para quase 30% do faturamento total neste ano. Ao todo, as vendas da empresa em 2005 devem crescer 40%.

PAPEL FRACO
O crescimento econômico ainda não chegou ao setor de papel. Diferentemente da celulose, cujas vendas estão em alta no ano, o mercado de papel patina. Segundo Osmar Zogbi, presidente da Bracelpa (associação dos fabricantes de papel e celulose), as exportações de papel não são um negócio atraente para as fabricantes. "O frete para os principais mercados está muito alto. O papel não é tão competitivo como a celulose, que tem embarcações próprias para o transporte."

ALÍVIO QUÍMICO
Depois da queda de julho, o setor atacadista de produtos químicos voltou a crescer. Em agosto, as vendas medidas em dólar subiram 12,4% ante julho. A última vez que o setor registrou mais de 10% de crescimento foi em fevereiro. Na comparação em reais, as vendas cresceram, em média, 11,8% em relação a junho.

DERRADEIRO
A consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle foi contratada para vender o último grande terreno da avenida Brigadeiro Faria Lima. A área tem 4.800 m2. Para a consultoria, o aquecimento do mercado imobiliário deve permitir uma negociação rápida do imóvel. O valor estimado dele passa dos R$ 30 milhões.

NOVA FEBRE
A telefonia pela internet (VoIP) no Brasil é uma coqueluche. Interessada no mercado brasileiro, a americana Arvana U.S., presente em 5.000 cidades do mundo, assinou joint venture com a brasileira Global Info, que administra uma rede de 300 provedores de internet. O resultado da união é a Arvana Comunicações do Brasil.


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