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CONTAS PÚBLICAS
País obtém R$ 3,4 bi com juros de 12,75% ao ano e quitação até 2016, com intermediação de Itaú e bancos dos EUA
Governo faz primeira emissão em reais
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro emitiu ontem, pela primeira vez, títulos da
dívida externa atrelados ao real.
Por meio da operação, o país conseguiu um empréstimo de R$ 3,4
bilhões e terá até 2016 para quitá-lo. No período, irá pagar juros de
12,75% ao ano aos investidores.
A vantagem desse tipo de operação é a ausência do chamado
risco cambial: mesmo que a cotação do dólar dispare nos próximos anos, o valor do empréstimo,
que é medido em reais, não muda.
Por outro lado, é difícil avaliar
se o custo pago pelo governo para
fazer esse tipo de financiamento
foi alto ou baixo, pois não há nenhuma operação anterior comparável. Os títulos em reais lançados
pelo governo no mercado brasileiro têm prazo mais reduzido, variando de um a dois anos.
O risco assumido pelo governo
e pelos investidores na operação
é, justamente, o comportamento
dos juros no Brasil. Se os juros
permanecerem elevados nos próximos 11 anos, o ganho será do
governo, que terá conseguido um
empréstimo a um custo mais baixo que a média. Caso contrário, os
investidores ganham mais.
Para José Antônio Gragnani, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, as condições obtidas pelo
governo na emissão de ontem ficaram "dentro do esperado". "O
resultado mostra que o investidor
estrangeiro está vendo as qualidades do país. Vê que é interessante
investir no Brasil", disse.
O lançamento de ontem foi intermediado pelos bancos americanos Goldman Sachs e JP Morgan, com o auxílio do Itaú. Segundo o Tesouro, a presença de um
banco nacional, incomum nesse
tipo de operação, foi importante
para ajudar na venda dos títulos.
Embora seja a primeira emissão
internacional em reais feita pelo
governo, empresas brasileiras já
haviam feito emissões semelhantes. Gragnani diz que o lançamento do Tesouro poderá estimular o
setor privado a fazer novas captações desse tipo. Isso porque, a
partir de agora, as operações privadas poderão usar o lançamento
do governo como parâmetro, o
que pode facilitar, por exemplo,
negociações em torno de prazo e
taxas dos financiamentos.
Em dólares, a emissão feita pelo
governo ontem soma cerca de
US$ 1,5 bilhão, que deve ser depositado nas reservas internacionais
na segunda-feira.
O plano do governo era captar
US$ 9 bilhões entre 2006 e 2007
para refinanciar seus compromissos externos, mas, diante das condições favoráveis do mercado, começou a emitir títulos já neste
ano. Há duas semanas, o Tesouro
já havia lançado US$ 1 bilhão, que,
pagando juros em dólar de 8,52%
ao ano, vencerão em 2025. Entre
janeiro e agosto, outros US$ 4,5
bilhões em títulos da dívida externa foram emitidos. Além disso,
outros US$ 4,4 bilhões em papéis
foram lançados para substituir os
C-Bonds -títulos emitidos no
processo de renegociação que se
seguiu à moratória dos anos 80.
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