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EMPRÉSTIMOS
Fundo perde relevância
Novas fontes de crédito reduzem poder do FMI
DA BLOOMBERG
O FMI (Fundo Monetário Internacional) está enfrentando
uma crise de identidade. Nesta semana, enquanto ministros da Fazenda de todo o mundo se reúnem em Washington para participar do encontro anual do FMI, o
órgão vê sua relevância diminuir.
A cada dia que passa, os mercados de capital privados superam o
FMI como a principal fonte de
crédito para os países em desenvolvimento. Além disso, a participação nos programas de crédito
do órgão caiu e alcançou o menor
nível desde a década de 70.
Atualmente, algumas pessoas
sugerem que o FMI -que antes
conseguia dobrar os governos
credores à sua vontade, impondo
rígidas exigências de política econômica como condição para a liberação de empréstimos- precisa definir um novo papel para si
próprio.
"O FMI já não tem nenhum poder" para fazer cumprir suas recomendações, disse Peter Morici,
economista da Universidade de
Maryland, em College Park, nos
Estados Unidos. "Não acredito
que o FMI tenha um objetivo real
além do de observador."
A redefinição da missão do FMI
será um dos principais tópicos a
serem debatidos pelos ministros
da Fazenda dos 184 países-membros do Fundo, que se reunirão
no próximo sábado e domingo.
Nesta semana, Rodrigo de Rato,
diretor-gerente do FMI, pretende
divulgar os resultados de um estudo realizado durante um ano a
respeito do papel adequado do
Fundo na economia mundial.
Fundado no final da Segunda
Guerra Mundial para promover a
estabilidade econômica mundial,
o FMI geralmente concede empréstimos a países como parte de
um programa de mudança de políticas econômicas -entre as
quais o equilíbrio do balanço de
pagamentos ou a redução da inflação, por exemplo- que o tomador se compromete a cumprir.
"O FMI possui uma reputação
não muito positiva, pois sempre
insistiu em adotar medidas draconianas", disse Allan Meltzer,
professor da Universidade Carnegie Mellon de Pittsburgh, que em
2000 liderou uma comissão de investigação do Congresso dos Estados Unidos sobre o FMI.
Perda de influência
A perda de influência do Fundo
foi rápida. Nos anos de 1994 e
1995, o órgão concedeu US$ 17,8
bilhões ao México e, em 1997, emprestou US$ 35,1 bilhões à Indonésia, à Coréia do Sul e à Tailândia, para ajudar a amenizar a crise
financeira que se abateu sobre esses países.
Há exatos cinco anos, o principal economista do Fundo, Michael Mussa, pediu que as principais economias mundiais se unissem e coordenassem a valorização do euro. Três dias após o apelo, os bancos centrais do G7 (sete
países mais industrializados) realizaram a primeira compra de euros, gerando uma alta de 3% no
valor da moeda.
Desde então, o aumento da liquidez dos mercados de capital
mundiais deu às nações credoras
outras fontes às quais recorrer,
enquanto as baixas taxas de juros
tornaram menos provável a ocorrência de novas emergências financeiras.
"As baixas taxas de juros impedem que as crises aconteçam", diz
Morici. "Elas reduzem as dificuldades financeiras nos países tomadores de recursos."
Há pouco tempo, em abril de
2000, o FMI mantinha programas
de empréstimos para 25 países,
entre os quais Brasil, México e
Rússia, no valor de US$ 80,8 bilhões. À época, 11 desses empréstimos superavam a cifra de US$ 1
bilhão.
Em sua mais recente apresentação semanal de demonstrativos
financeiros às autoridades reguladoras, o Fundo disse ter apenas 14
programas de empréstimo semelhantes em andamento. Desses,
apenas três estavam avaliados em
mais de US$ 1 bilhão.
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