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SAFRA
Para Roberto Rodrigues, com área plantada 5% menor e redução no uso de fertilizantes, colheita de grãos cairá em 2006
Crise agrícola reduzirá plantio, diz ministro
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que
a crise agrícola pode reduzir em
5% a área plantada no país. "Há
um desânimo por parte dos produtores quanto à próxima safra.
Já se fala em um padrão tecnológico muito menor porque a redução do uso de fertilizantes vai ser
superior a 15%, defensivos idem,
sementes idem, calcário, de 40%.
A área plantada pode cair 5% e a
safra será menor em 2006."
O ministro criticou também as
taxas de juros brasileiras, mesmo
após o corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, na semana passada. "Os juros estão muito altos.
A agricultura não agüenta pagar."
As principais plantações afetadas são as de algodão, arroz e trigo, com reflexos também em soja
e milho, na avaliação do ministro.
"Minha preocupação é com a
crise agrícola -anterior à crise
política- que é profunda e extensa demais", disse Rodrigues,
que participou do seminário "Opções Estratégicas na Cadeia de
Biocombustíveis", realizado pela
Fundação Getúlio Vargas, no Rio.
Segundo o ministro, a crise política não está afetando a agricultura. A crise agrícola, no entanto, foi
definida por ele como a maior dos
últimos 30 anos. Entre os fatores
citados por Rodrigues para a queda na renda rural estão a alta nos
custos dos insumos, os preços em
baixa no mercado, um nível elevado de endividamento e a quebra de safras por problemas de seca em várias regiões do país.
Rodada Doha
Sobre as negociações no âmbito
da Rodada Doha, da Organização
Mundial do Comércio, Rodrigues
disse que não está otimista quanto a avanços na liberalização comercial, já que os mercados americano e europeu ainda não deram sinais de que estão dispostos
a fazer concessões agrícolas.
"Acho que o Brasil deve fazer
concessões na área industrial,
mas antes os mercados de países
desenvolvidos têm de mostrar
boa vontade nas concessões à
agricultura. E isso não aconteceu
até agora."
A principal questão de interesse
brasileiro é o acesso a mercados.
Por outro lado, o país poderia fazer concessões, por exemplo, no
setor de serviços, como na abertura do mercado de resseguros, afirmou Rodrigues.
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