São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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SAFRA

Para Roberto Rodrigues, com área plantada 5% menor e redução no uso de fertilizantes, colheita de grãos cairá em 2006

Crise agrícola reduzirá plantio, diz ministro

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que a crise agrícola pode reduzir em 5% a área plantada no país. "Há um desânimo por parte dos produtores quanto à próxima safra. Já se fala em um padrão tecnológico muito menor porque a redução do uso de fertilizantes vai ser superior a 15%, defensivos idem, sementes idem, calcário, de 40%. A área plantada pode cair 5% e a safra será menor em 2006."
O ministro criticou também as taxas de juros brasileiras, mesmo após o corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, na semana passada. "Os juros estão muito altos. A agricultura não agüenta pagar."
As principais plantações afetadas são as de algodão, arroz e trigo, com reflexos também em soja e milho, na avaliação do ministro.
"Minha preocupação é com a crise agrícola -anterior à crise política- que é profunda e extensa demais", disse Rodrigues, que participou do seminário "Opções Estratégicas na Cadeia de Biocombustíveis", realizado pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio.
Segundo o ministro, a crise política não está afetando a agricultura. A crise agrícola, no entanto, foi definida por ele como a maior dos últimos 30 anos. Entre os fatores citados por Rodrigues para a queda na renda rural estão a alta nos custos dos insumos, os preços em baixa no mercado, um nível elevado de endividamento e a quebra de safras por problemas de seca em várias regiões do país.

Rodada Doha
Sobre as negociações no âmbito da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio, Rodrigues disse que não está otimista quanto a avanços na liberalização comercial, já que os mercados americano e europeu ainda não deram sinais de que estão dispostos a fazer concessões agrícolas.
"Acho que o Brasil deve fazer concessões na área industrial, mas antes os mercados de países desenvolvidos têm de mostrar boa vontade nas concessões à agricultura. E isso não aconteceu até agora."
A principal questão de interesse brasileiro é o acesso a mercados. Por outro lado, o país poderia fazer concessões, por exemplo, no setor de serviços, como na abertura do mercado de resseguros, afirmou Rodrigues.


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