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Medidas querem "ir à raiz", afirma Bush
Para presidente e Paulson, pacote, que pode chegar a US$ 800 bilhões, deve tentar resolver crise no setor imobiliário
Medidas anunciadas incluem ainda a suspensão de parte das negociações que apostam na queda
das cotações das ações
Susan Walsh/Associated Press
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Ben Bernanke (Fed), George W. Bush, Henry Paulson (Tesouro) e Christopher Cox (da SEC, atrás), pouco antes do anúncio na Casa Branca
DA REDAÇÃO
Os discursos do presidente
dos Estados Unidos, George W.
Bush, e do secretário do Tesouro, Henry Paulson, ressaltaram
que o projeto que deve ser
aprovado pelo Congresso precisa "ir à raiz" dos problemas
dos mercados financeiros: os
ativos ligados a hipotecas imobiliárias que perderam praticamente todo o seu valor depois
que os preços das residências
começaram a desabar.
"Nós precisamos tomar mais
e decisivas ações para fundamental e abrangentemente ir à
raiz dos estresses do nosso sistema financeiro", afirmou ontem Paulson, que calculou em
"centenas de bilhões de dólares" o preço do pacote.
Segundo a Reuters, a proposta do governo dos EUA é absorver de US$ 500 bilhões a US$
800 bilhões em ativos imobiliários (hipotecas comerciais e residenciais e títulos lastreados
em hipotecas). Pelo plano, esses papéis têm que estar a pelo
menos cinco anos nas carteiras
das empresas americanas.
"A economia americana está
enfrentando desafios sem precedentes, e nós estamos respondendo com ações sem precedentes", disse Bush sobre o
projeto, ontem, quando também foram apresentadas medidas que já entraram em vigor,
como a suspensão por pelo menos dez dias de parte das vendas a descoberto (em que o investidor aposta na queda das
ações) e a garantia em até US$
50 bilhões dos investimentos
em fundos de baixo risco.
Nenhum dos dirigentes deu
muitos detalhes de como será o
pacote, mas a expectativa é a de
que alguns pontos do projeto
sejam encaminhados até hoje
ao Congresso e que uma agência será criada para assumir os
títulos podres das instituições
financeiras. O modelo seria parecido ao da Resolution Trust
Corporation, criada em 1989
para tentar resolver a crise, iniciada três anos antes, de instituições que captavam recursos
de poupança e os emprestavam
para a compra da casa própria.
Paulson disse que pretende
trabalhar nos próximos dias
com o Congresso para que o
projeto seja aprovado logo. A
presidente do Congresso,
Nancy Pelosi, disse que os legisladores ficarão em Washington
o tempo necessário para que a
lei seja votada. O apoio democrata, a poucas semanas da eleição presidencial, é essencial para a aprovação do pacote, já que
o partido (de oposição) tem
maioria no Congresso.
As declarações de Bush e
Paulson foram feitas em momentos diferentes, mas mostram o desejo do governo de
tentar resolver aquele que é
considerado o epicentro da crise iniciada no segundo semestre de 2007: o setor imobiliário.
De acordo com Paulson, os "ativos de hipotecas ilíquidos estão
sufocando o fluxo de crédito
que é de importância vital para
a nossa economia" e que isso
também tem efeitos significativos nos mercados financeiros.
Bush defendeu a aprovação
da lei dizendo que o risco seria
"muito maior" se o governo não
agisse. "Um aumento do estresse nos mercados financeiros
causaria perdas maciças de empregos, devastaria contas de
aposentadoria e erodiria ainda
mais o valor das casas."
Ao assumir os títulos podres,
o governo quer retirar a pressão sobre as instituições, permitindo que liberem mais empréstimos, fazendo com que a
economia cresça e os mutuários voltem a ficar em dia com
os compromissos -o que elevaria os preços dos papéis assumidos pelo governo. "A maioria
dos ativos que o governo está
pretendendo comprar vai ter
um bom valor com o passar do
tempo porque a maioria dos
proprietários continua a pagar
suas hipotecas", disse Bush.
Várias instituições apostaram nos últimos anos em títulos lastreados em hipotecas
imobiliárias de alto risco ("subprime"), em um momento em
que os valores das residências
cresciam a taxas elevadas nos
EUA. Quando os proprietários
deixaram de cumprir os pagamentos, os papéis perderam
valor, deixando as instituições
com perdas enormes, o que levou a um corte no crédito.
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