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BC age, e dólar tem maior queda em 6 anos
Banco Central oferta US$ 500 milhões ao mercado e moeda recua 5,1%, para R$ 1,831, também sob influência de euforia global
Após moeda superar R$ 1,96
na quinta, BC decidiu leiloar
dólares, com compromisso
de recompra; na semana,
moeda avançou 2,81%
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reação no mercado de câmbio à intervenção do Banco
Central, somada à euforia vivida ontem no mercado internacional, foi forte. A moeda norte-americana encerrou o dia em
queda de 5,13%, vendida a R$
1,831. Foi a maior depreciação
da moeda em apenas um dia
desde agosto de 2002.
Em sua primeira atuação
desse tipo desde 2003, o Banco
Central precisou ontem de dois
leilões para vender US$ 500
milhões ao mercado. A venda,
porém, não é definitiva: daqui a
um mês, os bancos que participaram da oferta terão que revender esses US$ 500 milhões
para o BC.
Mesmo com a depreciação
considerável registrada ontem,
a moeda norte-americana encerrou a semana com alta acumulada de 2,81% diante do real.
Nas operações de quinta-feira, o movimento especulativo
levou a dólar a superar R$ 1,96
no início da tarde. Após isso, o
BC anunciou que passaria a
realizar leilões para ofertar dólares, na tentativa de suprir
uma possível falta de moeda no
mercado e, assim, diminuir a
pressão sobre as cotações.
"Essa medida do Banco Central é, sem dúvida, bastante positiva e deve realmente cumprir o seu objetivo, que é o de
corrigir distorções de liquidez
no mercado e conter a volatilidade extremamente elevada
dos últimos dias", afirma Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Por outro lado, esses leilões,
por si só, não devem provocar
quedas bruscas e intensas nas
cotações, uma vez que as desvalorizações recentes do real refletem uma conjuntura internacional delicada e desfavorável", completa.
No mês, a valorização do dólar ainda é bastante elevada:
12%. No ano, a divisa americana tem alta de 3,04%.
Segundo o BC, o objetivo dos
leilões é o de atender, temporariamente, a procura por dólares
no país, que tem crescido com o
agravamento da crise nos mercados internacionais. Inicialmente, a idéia era vender US$
500 milhões de uma só vez em
leilão realizado pela manhã,
mas foram colocados apenas
US$ 200 milhões, adquiridos
por dois bancos.
Pela tarde, o BC voltou a
mercado para vender os US$
300 milhões restantes a seis
instituições financeiras. Daqui
a um mês, o BC irá recomprar
os US$ 500 milhões a uma cotação média de aproximadamente R$ 1,84. Se até lá o dólar
continuar em alta, o BC terá lucro com a operação. Caso contrário, terá prejuízo.
A partir da semana que vem,
o BC deve acompanhar diariamente o movimento do mercado de câmbio e pode decidir pela realização de novos leilões
semelhantes aos de ontem.
Como o cenário internacional ainda é muito incerto, os
analistas acham prematuro
afirmar que o dólar vai retomar
seus mais baixos patamares do
ano nas próximas semanas. A
moeda estrangeira iniciou o
mês de agosto cotada a R$ 1,56.
Mas depois passou a ganhar
terreno rapidamente.
Com a piora dos mercados
mundiais, o dólar começou nas
últimas semanas a ganhar valor
diante de moedas como o euro
e a libra. Nesse cenário, o real
passou a ser alvo de especulações e acabou por se depreciar
com rapidez.
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