São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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BC age, e dólar tem maior queda em 6 anos

Banco Central oferta US$ 500 milhões ao mercado e moeda recua 5,1%, para R$ 1,831, também sob influência de euforia global

Após moeda superar R$ 1,96 na quinta, BC decidiu leiloar dólares, com compromisso de recompra; na semana, moeda avançou 2,81%


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reação no mercado de câmbio à intervenção do Banco Central, somada à euforia vivida ontem no mercado internacional, foi forte. A moeda norte-americana encerrou o dia em queda de 5,13%, vendida a R$ 1,831. Foi a maior depreciação da moeda em apenas um dia desde agosto de 2002.
Em sua primeira atuação desse tipo desde 2003, o Banco Central precisou ontem de dois leilões para vender US$ 500 milhões ao mercado. A venda, porém, não é definitiva: daqui a um mês, os bancos que participaram da oferta terão que revender esses US$ 500 milhões para o BC.
Mesmo com a depreciação considerável registrada ontem, a moeda norte-americana encerrou a semana com alta acumulada de 2,81% diante do real.
Nas operações de quinta-feira, o movimento especulativo levou a dólar a superar R$ 1,96 no início da tarde. Após isso, o BC anunciou que passaria a realizar leilões para ofertar dólares, na tentativa de suprir uma possível falta de moeda no mercado e, assim, diminuir a pressão sobre as cotações.
"Essa medida do Banco Central é, sem dúvida, bastante positiva e deve realmente cumprir o seu objetivo, que é o de corrigir distorções de liquidez no mercado e conter a volatilidade extremamente elevada dos últimos dias", afirma Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Por outro lado, esses leilões, por si só, não devem provocar quedas bruscas e intensas nas cotações, uma vez que as desvalorizações recentes do real refletem uma conjuntura internacional delicada e desfavorável", completa.
No mês, a valorização do dólar ainda é bastante elevada: 12%. No ano, a divisa americana tem alta de 3,04%.
Segundo o BC, o objetivo dos leilões é o de atender, temporariamente, a procura por dólares no país, que tem crescido com o agravamento da crise nos mercados internacionais. Inicialmente, a idéia era vender US$ 500 milhões de uma só vez em leilão realizado pela manhã, mas foram colocados apenas US$ 200 milhões, adquiridos por dois bancos.
Pela tarde, o BC voltou a mercado para vender os US$ 300 milhões restantes a seis instituições financeiras. Daqui a um mês, o BC irá recomprar os US$ 500 milhões a uma cotação média de aproximadamente R$ 1,84. Se até lá o dólar continuar em alta, o BC terá lucro com a operação. Caso contrário, terá prejuízo.
A partir da semana que vem, o BC deve acompanhar diariamente o movimento do mercado de câmbio e pode decidir pela realização de novos leilões semelhantes aos de ontem.
Como o cenário internacional ainda é muito incerto, os analistas acham prematuro afirmar que o dólar vai retomar seus mais baixos patamares do ano nas próximas semanas. A moeda estrangeira iniciou o mês de agosto cotada a R$ 1,56. Mas depois passou a ganhar terreno rapidamente.
Com a piora dos mercados mundiais, o dólar começou nas últimas semanas a ganhar valor diante de moedas como o euro e a libra. Nesse cenário, o real passou a ser alvo de especulações e acabou por se depreciar com rapidez.


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