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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Depois de cortar 6,5 pontos percentuais em quatro meses, BC deve reduzir juros de forma mais lenta

Taxa Selic cairá um ponto, dizem analistas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas afirmam não esperar surpresas após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na quarta-feira. A expectativa é que a autoridade monetária reduza um ponto percentual dos juros básicos, menos que das últimas três vezes.
"Um chato consenso está de volta. Mas, desta vez, parece correto ao apontar para um corte de um ponto percentual no próximo Copom", diz Andrei Spacov, economista do Unibanco.
O economista da Itaú Corretora, Marcelo Carvalho, concorda que a redução será dessa amplitude, o que trará a taxa básica de juros para 19%, sem viés.
Para analistas, o gradualismo alardeado pelo Banco Central se aplicaria desde a última reunião a uma progressiva redução da intensidade dos cortes das taxas de juros.
Apesar do ambiente positivo, graças à consolidação da queda da inflação, ao câmbio fortalecido e à rápida queda do risco-país, não caberia um corte mais agressivo, segundo analistas, porque em quatro meses foram cortados 6,5 pontos percentuais.
"Há pouca dúvida de que a fase "espere e veja", que é necessária, está chegando", diz Spacov. "Há um forte consenso de que a próxima decisão do Copom deveria ser mais suave do que as outras mais recentes. Os sinais foram claros."
Economistas dizem que são necessários cerca de seis meses após o início da queda dos juros para que se percebam efeitos positivos na atividade econômica. Como os juros começaram a cair mais fortemente a partir de julho, analistas afirmam esperar um reaquecimento da economia a partir de janeiro ou fevereiro de 2004.

Juros reais
A taxa de juros reais "ex-ante" (swap de 360 dias X inflação projetada para os próximos doze meses) caiu ainda mais desde a última reunião do comitê. Estava em 11% e caiu para 10%.
Segundo Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal, que também afirma esperar a mesma decisão do Banco Central, o Copom mostrou dar uma "enorme importância ao comportamento dos juros reais projetados ["ex-ante'] em sua última reunião. Na ocasião, a taxa Selic caiu dois pontos percentuais."
Outras razões para a redução de um ponto percentual da Selic seriam o desequilíbrio entre a demanda em crescimento e a capacidade de oferta; o efeito de dissídios concentrados neste trimestre, além de a expectativa para a inflação no ano que vem ainda estar acima da meta de 5,5%.
Analistas dizem que a taxa Selic deverá estar em torno de 17,5% e 18% no final do ano.

Inflação
Antes de o Copom tornar pública sua decisão, serão conhecidos dados de cinco índices de inflação. Hoje saem o IPC-S, o IPC-Fipe (expectativa de alta de 0,7%) e o IGP-M (estimativa de elevação de 0,55%). Amanhã será a vez do IGP-10; na quarta, do IPCA-15.
Nos EUA, o índice mais esperado nesta semana é o Indicadores Líderes de setembro, que sai na quinta-feira. O consenso de mercado aponta queda de 0,1%.

Dívida interna
Apesar de o BC estar reduzindo a exposição cambial, com a baixa rolagem desses títulos, 78% da dívida mobiliária interna ainda está indexada ao câmbio ou à Selic, o que significa um perfil bastante negativo de endividamento, segundo o economista Júlio Callegari, no Boletim Tendências.
Sobre a dívida atrelada à Selic, Spacov diz que "estamos na ponta boa dessa curva. Com a queda da taxa de juros, a dívida cai também. Mas não é a dívida ideal".



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