São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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Governo revê fórmula para as PPPs

Paulo Whitaker - 8.set.04/Reuters
Carregamento de navio com açúcar no porto de Santos, que está entre os projetos considerados prioritários pelo governo nas PPPs


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado pelas críticas ao projeto de parcerias público-privadas, com as quais pretende financiar obras de infra-estrutura no país, o governo apresentou ontem nova fórmula de participação dos fundos de pensão de empresas estatais e bancos públicos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no negócio.
Sem abandonar a idéia de contar com o BNDES e os fundos como principais financiadores das parcerias, o governo propôs que, em vez de financiar determinado parceiro (grupo de empresas), eles financiariam os projetos, como a melhoria da infra-estrutura do porto de Santos, independentemente dos empreendedores escolhidos no processo de licitação.
A proposta foi lançada em audiência no Senado pelo chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Demian Fiocca, restrita ao BNDES. Mais tarde, foi ampliada e reforçada por assessores do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse o relator do projeto, senador Valdir Raupp (PMDB-RO). "Temos de impedir que o BNDES e os fundos escolham os empreendedores, não podemos repetir a história das privatizações", disse o senador, simpático à fórmula.
Em seu relatório, deverá aparecer um limite extra, adiantou: a soma das participações dos bancos públicos e fundos de empresas estatais não poderá exceder 80% do valor do empreendimento. "O setor privado vai ter de se virar em pelo menos 20%", defendeu. Raupp insistiu, porém, em que o relatório não está fechado.
A participação dos fundos de previdência das empresas estatais foi um dos pontos mais polêmicos da audiência pública de ontem. Alguma forma de limite, defendida inicialmente pela oposição e sobretudo pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ganhou o apoio do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "A história recente tem episódios trágicos, que não devem se repetir", disse o líder, numa referência ao processo de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso. "A entrada dos fundos definiam os vencedores e não havia concorrência verdadeira."
O governo já havia admitido mudança no projeto que impede bancos públicos de assumir o controle (mais de 50% das ações) das futuras empresas que tocarão as parcerias. Os fundos de empresas estatais, que são legalmente entidades privadas, seguiriam limitações de legislação própria.


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