|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREVIDÊNCIA
Só 224,58 mil pessoas aceitaram acordo, 12% do total de beneficiários
Aposentado quer receber na Justiça
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O acordo proposto pelo governo para saldar a dívida com os
aposentados pode naufragar. Dados do Conselho de Justiça Federal mostram que o número de
sentenças determinando o pagamento do débito não caiu, como
era o esperado.
Em setembro, tanto o valor
quanto o total de aposentados e
pensionistas beneficiados por decisões judiciais atingiram o maior
pico dos últimos anos. As sentenças somaram R$ 371,9 milhões, alcançando 48,05 mil pessoas. O
acordo foi anunciado pelo governo no final de julho.
Nas contas do conselho, somente entre janeiro e setembro deste
ano as decisões favoráveis aos
aposentados totalizam R$ 2,1 bilhões. No Orçamento, foram previstos apenas R$ 998 milhões. A
diferença tem sido custeada com
recursos liberados por meio de
créditos suplementares.
O governo negociou o acordo
com representantes dos aposentados na tentativa de conter o
crescimento das sentenças judiciais. Estudo técnico do Ministério da Previdência Social no início
do ano mostrava que, se não houvesse o acordo, o Tesouro poderia
gastar neste ano R$ 9 bilhões com
as decisões da Justiça.
Mas não é só o crescimento das
sentenças que alerta para a possibilidade de fracasso do acordo. Os
números mais recentes da Previdência sobre o total de adesões à
proposta do governo reforçam as
chances de insucesso.
Até segunda-feira, 224,58 mil
aposentados e pensionistas haviam assinado o acordo. Isso
equivale a cerca de 12% do total de
beneficiários estimado pelo governo -1,8 milhão.
No entanto, o processo de adesão é escalonado, ou seja, segue o
final do benefício do aposentado.
Por esse sistema, cerca de 350 mil
aposentados estão aptos a aderir
ao acordo a cada mês. Em agosto,
a Previdência começou a enviar
cartas aos aposentados com informações sobre o acordo. Já foi
enviado 1,1 milhão de correspondências.
Rapidez
Pelo acordo do governo, os aposentados com ações judiciais reivindicando a dívida receberão os
valores atrasados em até seis anos.
Os demais, em oito anos. Para
aderir à proposta, os beneficiários
com processos judiciais precisam
desistir das ações.
Como a maior parte das ações
tramita nos Juizados Especiais Federais Previdenciários, cujo prazo
de julgamento varia de seis a oito
meses, muitos aposentados preferem manter o caso na Justiça. Os
juizados analisam processos de
até 60 mínimos (R$ 15,6 mil).
"Há uma certa consciência de
que o processo é rápido e o acordo, muito longo. Isso causa uma
não-adesão. As pessoas percebem, lendo os jornais, que não é
interessante [o acordo]", afirma o
desembargador José Eduardo
Santos Neves, coordenador dos
Juizados Especiais Federais da 3ª
Região (São Paulo e Mato Grosso
do Sul).
No início deste mês, relata o desembargador, foi julgado um lote
de 102 mil processos em São Paulo envolvendo a revisão de benefícios previdenciários. Quase 100%
deles são referentes à dívida dos
aposentados, conhecida como
IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo), pois entre 1994 e
1997 o índice não foi aplicado corretamente no cálculo inicial das
aposentadorias.
Texto Anterior: Não-cumulatividade terá simpósio Próximo Texto: Ritmo de festa: Montadora abre salão com produção recorde Índice
|