São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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País corta produção de lavadoras

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Os fabricantes brasileiros de lavadoras de roupa decidiram cortar suas linhas de produção em razão das medidas protecionistas adotadas pela Argentina de impedir a entrada do produto no país, segundo informou ontem Paulo Saab, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).
De acordo com Paulo Saab, as restrições impostas à indústria brasileira terão impacto no emprego tanto no Brasil quanto na própria Argentina, onde o setor conta com uma estrutura de distribuição de seus produtos.
Saab disse, no entanto, que ainda não foram concluídos os estudos dos impactos sobre o emprego das medidas que estão sendo tomadas pelos produtores brasileiros. "Algumas empresas já estão reduzindo o número de funcionários que atuam em linhas dedicadas ao mercado argentino, e outras estão dando férias coletivas ou buscando remanejá-los para outras áreas", diz Saab.

Prejuízo
No total, as exportações para a Argentina de lavadoras de roupa, fogões e geladeiras, as três linhas afetadas pelas medidas protecionistas, representam cerca de 26% do total das vendas externas brasileiras desses produtos. "É o suficiente para prejudicar a nossa produção", diz Saab.
A Eletros condenou a decisão tomada pela Argentina de autorizar a importação de geladeiras de Chile, México, Tailândia, Coréia do Sul e EUA. Segundo a Eletros, a Argentina rompeu o acordo firmado com o Brasil, que fixava uma participação de 50% para as geladeiras no mercado local. Os outros 50% seriam ocupados pelos fabricantes argentinos.
"Eles [Argentina] estão abrindo espaço para o ingresso de produtos de terceiros países, enquanto os nossos refrigeradores estão com entrada restrita", disse o presidente da Eletros, Paulo Saab.
Pelo acordo firmado entre Brasil e Argentina, os brasileiros limitariam suas exportações ao vizinho para impulsionar os fabricantes argentinos de geladeiras.
O acordo previa a aplicação de uma cota de 18 mil unidades em outubro para o Brasil. "Avaliamos que a cota é pelo menos 50% inferior ao que deveria ser considerada como base de mercado hoje", afirmou Saab.
Segundo ele, essa cota não considera o crescimento de 20% registrado no mercado argentino no último trimestre.
Saab informou que os fabricantes associados à Eletros já manifestaram disposição em negociar, mas aguardam novo encontro com a delegação empresarial da Argentina.


Colaborou a Folha Online

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