São Paulo, terça-feira, 20 de outubro de 2009

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Agnelli cutuca Eike e anuncia investimento

Presidente da Vale apresenta a Lula plano de investir U$ 12,9 bi em 2010; petista volta a pressionar empresa em público

Em evento à noite, Lula disse que, se o investimento da Vale "não for só no papel, estamos bem na fita"; Agnelli diz nem "sonha" em sair


Marcos Pacheco/Reuters
Roger Agnelli, presidente da Vale, após reunião com Lula em SP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Vale anunciou ontem um plano de investimentos de US$ 12,9 bilhões (R$ 24,5 bilhões) para o ano que vem. De acordo com a empresa, trata-se do maior valor já investido por uma companhia privada no país em 2010.
O plano foi apresentado ontem à noite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, horas após ele ter repetido publicamente as cobranças para que a companhia amplie investimentos. A insatisfação do governo com o Vale se acentuou na virada do ano, quando a empresa anunciou corte de investimentos e demitiu funcionários em razão da crise global.
Pela manhã, Lula se referiu à empresa quando cobrava empenho dos empresários em busca de novos negócios. Ao localizar na plateia o presidente da Vale, Roger Agnelli, Lula disse: "Até o Roger sabe que não adianta a Vale achar que é grande e ficar sentado numa cadeira no Rio de Janeiro, na sede da Vale, e não ir para a rua vender.
É preciso disputar cada milímetro. Não existe moleza, Paulo [Skaf, presidente da Fiesp]." O montante a ser investido irá para atividades de manutenção de operações, pesquisa e desenvolvimento e na implementação de projetos. Segundo Agnelli, o presidente está em seu papel de pressionar a empresa. "Tem que dar estímulo mesmo, tem que cobrar para que o país continue crescendo", afirmou Agnelli ao apresentar o programa de investimentos. Mas ele próprio fez cobranças ao governo por mais agilidade nos licenciamentos ambientais.
Agnelli questionou as alegações de que a Vale precisa agregar mais valor a suas atividades. "Agragação de valor é um termo que começa a se usar. Imagina-se uma coisa, mas não é bem assim. A mineração é a parte da cadeia produtiva que mais agrega valor, porque extrai algo que não vale nada e se aplica tecnologia e capital para poder transformar isso em algo que seja vendável."
O investimento em siderurgia, um dos pontos cobrados pelo governo, ficará em US$ 343 milhões no ano que vem - 2,7% do total. Para Agnelli, a agregação de valor do minério por meio de projetos siderúrgicos é questionável. "A siderurgia é uma indústria protegida a nível mundial a nível mundial.
Quando o mercado está ruim, todo mundo cria barreira de importação. Imaginar que vai exportar aço... O mercado não compra aço, compra minério." À noite, em evento em São Paulo, Lula elogiou o programa de investimentos. "Se isso não for só no papel, estamos bem na fita", disse. "O Roger vai gastar o que a Vale nunca ganhou."
"Se tudo isso acontecer, como estou pensando, penso que nós atingimos o patamar de um país de respeitabilidade que nós brigamos muito tempo."

Eike
Agnelli cutucou o empresário Eike Batista, que na semana passada também fez críticas à gestão da Vale e sugeriu a substituição do executivo por Sérgio Rosa, presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. "Com sinceridade, eu escuto, respeito e presto atenção aos comentários dos meus acionistas. O resto é opinião, o que para mim não diz muita coisa."
Sobre os rumores a respeito de sua saída do comando da Vale, Agnelli disse que "nunca teve ciência" de que haveria um movimento para tirá-lo. "Não tenho nem sonhado em sair." Agnelli negou que tenha sido indicado à presidência da Vale pelo Bradesco. "Não existe acordo de acordo de acionista pelo qual o Bradesco indica o presidente." (PAULO DE ARAUJO, FLÁVIA MARREIRO e VERIDIANA RIBEIRO) Colaborou REGIANE SOARES, da Folha Online



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