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Agnelli cutuca Eike e anuncia investimento
Presidente da Vale apresenta a Lula plano de investir U$ 12,9 bi em 2010; petista volta a pressionar empresa em público
Em evento à noite, Lula disse que, se o investimento da Vale "não for só no papel, estamos
bem na fita"; Agnelli diz nem "sonha" em sair
Marcos Pacheco/Reuters
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Roger Agnelli, presidente da Vale, após reunião com Lula em SP
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Vale anunciou ontem um
plano de investimentos de US$
12,9 bilhões (R$ 24,5 bilhões)
para o ano que vem. De acordo
com a empresa, trata-se do
maior valor já investido por
uma companhia privada no
país em 2010.
O plano foi apresentado ontem à noite ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, horas após
ele ter repetido publicamente
as cobranças para que a companhia amplie investimentos. A
insatisfação do governo com o
Vale se acentuou na virada do
ano, quando a empresa anunciou corte de investimentos e
demitiu funcionários em razão
da crise global.
Pela manhã, Lula se referiu à
empresa quando cobrava empenho dos empresários em
busca de novos negócios. Ao localizar na plateia o presidente
da Vale, Roger Agnelli, Lula disse: "Até o Roger sabe que não
adianta a Vale achar que é grande e ficar sentado numa cadeira
no Rio de Janeiro, na sede da
Vale, e não ir para a rua vender.
É preciso disputar cada milímetro. Não existe moleza, Paulo [Skaf, presidente da Fiesp]."
O montante a ser investido
irá para atividades de manutenção de operações, pesquisa e
desenvolvimento e na implementação de projetos.
Segundo Agnelli, o presidente está em seu papel de pressionar a empresa. "Tem que dar
estímulo mesmo, tem que cobrar para que o país continue
crescendo", afirmou Agnelli ao
apresentar o programa de investimentos. Mas ele próprio
fez cobranças ao governo por
mais agilidade nos licenciamentos ambientais.
Agnelli questionou as alegações de que a Vale precisa agregar mais valor a suas atividades.
"Agragação de valor é um termo que começa a se usar. Imagina-se uma coisa, mas não é
bem assim. A mineração é a
parte da cadeia produtiva que
mais agrega valor, porque extrai algo que não vale nada e se
aplica tecnologia e capital para
poder transformar isso em algo
que seja vendável."
O investimento em siderurgia, um dos pontos cobrados
pelo governo, ficará em US$
343 milhões no ano que vem
- 2,7% do total. Para Agnelli, a
agregação de valor do minério
por meio de projetos siderúrgicos é questionável. "A siderurgia é uma indústria protegida a
nível mundial a nível mundial.
Quando o mercado está ruim,
todo mundo cria barreira de
importação. Imaginar que vai
exportar aço... O mercado não
compra aço, compra minério."
À noite, em evento em São
Paulo, Lula elogiou o programa
de investimentos. "Se isso não
for só no papel, estamos bem na
fita", disse. "O Roger vai gastar
o que a Vale nunca ganhou."
"Se tudo isso acontecer, como estou pensando, penso que
nós atingimos o patamar de um
país de respeitabilidade que
nós brigamos muito tempo."
Eike
Agnelli cutucou o empresário Eike Batista, que na semana
passada também fez críticas à
gestão da Vale e sugeriu a substituição do executivo por Sérgio Rosa, presidente da Previ,
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
"Com sinceridade, eu escuto,
respeito e presto atenção aos
comentários dos meus acionistas. O resto é opinião, o que para mim não diz muita coisa."
Sobre os rumores a respeito
de sua saída do comando da Vale, Agnelli disse que "nunca teve ciência" de que haveria um
movimento para tirá-lo. "Não
tenho nem sonhado em sair."
Agnelli negou que tenha sido
indicado à presidência da Vale
pelo Bradesco. "Não existe
acordo de acordo de acionista
pelo qual o Bradesco indica o
presidente."
(PAULO DE ARAUJO, FLÁVIA MARREIRO e VERIDIANA RIBEIRO)
Colaborou REGIANE SOARES, da Folha Online
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