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Brasil quer reunião com emergentes antes de ir à OMC
Encontro com ministros do chamado G20 agrícola deverá debater a moribunda Rodada Doha de liberalização comercial
Ideia é afinar os discursos de países em desenvolvimento antes da reunião na OMC no fim de novembro; conclusão de Doha é prevista para 2010
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O Brasil planeja organizar
um encontro em Genebra com
os ministros responsáveis pelo
comércio exterior dos principais países em desenvolvimento na véspera da reunião ministerial da Organização Mundial
do Comércio. A ideia do encontro é debater a moribunda Rodada Doha de liberalização do
comércio global.
Segundo afirmou uma fonte
familiarizada com o processo à
Folha, essa espécie de "ministerial do B", mais restrita, reuniria os membros do chamado
G20 agrícola, que inclui, além
do Brasil, China, Índia, Argentina, África do Sul, Indonésia,
México e Chile, entre outros.
O Itamaraty ainda iria definir
se, e em que condições, o convite será estendido aos EUA, à
União Europeia e a outros países, como ocorreu em outras
ocasiões. Estes, se presentes,
poderão participar como observadores, ou para consultas.
A reunião deve servir para os
países costurarem posições
mais afinadas sobre a rodada e
o comércio global em geral. No
ano passado, quando as conversas sob Doha colapsaram, houve dissonâncias dentro do próprio grupo de emergentes.
Mas pode também acabar
por aumentar o fosso entre as
posições dos emergentes, que
ainda receiam em abrir mais
seus mercados (embora se
mostrem mais dispostos a negociar), e as dos países desenvolvidos, sobretudo EUA, que
não abrem mão de subsidiar
seus produtores agrícolas.
O G20 agrícola se reuniu em
Nova Délhi durante uma "miniministerial" da OMC em setembro e conseguiu avançar
em aspectos técnicos, além de
intensificar a agenda de debates. Mas isso não se converteu
ainda em soluções concretas.
A OMC vai reunir os ministros de seus 153 países membros entre 30 de novembro e 2
de dezembro para debater o comércio global. Embora Doha
não seja o tema oficial, há expectativa de que se avance no
debate -uma eventual inércia
nesse encontro pode servir de
atestado de óbito à rodada.
Com o prazo para concluir a
rodada se esvaindo -ele foi sucessivamente adiado, da última
vez para 2010-, até seus grandes entusiastas, como o chanceler Celso Amorim, se mostram cada vez mais céticos.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, tem exortado os governos a acelerarem as negociações, sob pena de o prazo de
2010 se tornar inviável. Com os
países se voltando mais e mais a
acordos bilaterais, há consenso
amplo de que, se não for selada
em 2010, a rodada acaba.
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