São Paulo, terça-feira, 20 de outubro de 2009

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Brasil quer reunião com emergentes antes de ir à OMC

Encontro com ministros do chamado G20 agrícola deverá debater a moribunda Rodada Doha de liberalização comercial

Ideia é afinar os discursos de países em desenvolvimento antes da reunião na OMC no fim de novembro; conclusão de Doha é prevista para 2010


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O Brasil planeja organizar um encontro em Genebra com os ministros responsáveis pelo comércio exterior dos principais países em desenvolvimento na véspera da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio. A ideia do encontro é debater a moribunda Rodada Doha de liberalização do comércio global.
Segundo afirmou uma fonte familiarizada com o processo à Folha, essa espécie de "ministerial do B", mais restrita, reuniria os membros do chamado G20 agrícola, que inclui, além do Brasil, China, Índia, Argentina, África do Sul, Indonésia, México e Chile, entre outros.
O Itamaraty ainda iria definir se, e em que condições, o convite será estendido aos EUA, à União Europeia e a outros países, como ocorreu em outras ocasiões. Estes, se presentes, poderão participar como observadores, ou para consultas.
A reunião deve servir para os países costurarem posições mais afinadas sobre a rodada e o comércio global em geral. No ano passado, quando as conversas sob Doha colapsaram, houve dissonâncias dentro do próprio grupo de emergentes.
Mas pode também acabar por aumentar o fosso entre as posições dos emergentes, que ainda receiam em abrir mais seus mercados (embora se mostrem mais dispostos a negociar), e as dos países desenvolvidos, sobretudo EUA, que não abrem mão de subsidiar seus produtores agrícolas.
O G20 agrícola se reuniu em Nova Délhi durante uma "miniministerial" da OMC em setembro e conseguiu avançar em aspectos técnicos, além de intensificar a agenda de debates. Mas isso não se converteu ainda em soluções concretas.
A OMC vai reunir os ministros de seus 153 países membros entre 30 de novembro e 2 de dezembro para debater o comércio global. Embora Doha não seja o tema oficial, há expectativa de que se avance no debate -uma eventual inércia nesse encontro pode servir de atestado de óbito à rodada.
Com o prazo para concluir a rodada se esvaindo -ele foi sucessivamente adiado, da última vez para 2010-, até seus grandes entusiastas, como o chanceler Celso Amorim, se mostram cada vez mais céticos.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, tem exortado os governos a acelerarem as negociações, sob pena de o prazo de 2010 se tornar inviável. Com os países se voltando mais e mais a acordos bilaterais, há consenso amplo de que, se não for selada em 2010, a rodada acaba.


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