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CONJUNTURA
Pesquisa do Bicbanco mostra que empresários cortaram encomendas para o Natal e planejam demissões
Empresas reduzem expectativa para 99
RICARDO GRINBAUM
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A maior parte das indústrias e lojas está reduzindo suas encomendas para o Natal e programando
demissões. Segundo 297 executivos ouvidos pelo Bicbanco, na primeira grande pesquisa de campo
feita após a alta dos juros, os próximos meses devem ser muito duros.
"Esse é o pior cenário que levantamos desde que começamos a fazer a pesquisa, há dois anos. É a
primeira vez que a sondagem traz
uma previsão de recessão", diz
Paulo Mallmann, diretor financeiro do banco.
O Bicbanco, especializado em
empréstimos para empresas, faz a
pesquisa quatro vezes por ano. É
uma das maiores sondagens com
executivos, junto com levantamento da revista Conjuntura Econômica e da CNI (Confederação
Nacional das Indústrias).
Mais da metade dos entrevistados pelo banco são diretores financeiros de empresas médias e grandes, com faturamento acima de R$
50 milhões.
O depoimento dos executivos
mostra como a crise econômica já
bateu no cotidiano das empresas.
Cerca de 45% das indústrias e redes de comércio do atacado e varejo estão com estoques acima do
previsto. Por isso, mais da metade
dos entrevistados está revendo sua
programação de encomendas para
o fim do ano.
"É surpreendente. Nas outras
pesquisas, os empresários esperavam pelo menos igualar as vendas
do Natal do ano anterior", diz
Mallmann. Cerca de 39% dos entrevistados prevê um Natal mais
fraco do que o do ano passado.
As perspectivas não são melhores para o ano que vem. De cada
dez executivos, quatro projetam
uma redução nas vendas de suas
empresas em 99. O resultado mais
animador é que 31% das companhias prevê alta nas vendas acima
de 5%.
Os economistas do Bicbanco somaram as projeções dos entrevistados e chegaram a um crescimento médio de 1,8% no faturamento
em 99. Seria um resultado mais otimista do que a recessão prevista
para o ano que vem por economistas de várias instituições.
O problema é que o aumento no
faturamento é insuficiente para
superar a alta da inflação prevista
pelos próprios entrevistados entre
2,0% e 2,5%, em 99. "Descontando
a inflação, a previsão é de queda
nas vendas de cerca de 0,5%", diz
Mallmann.
Quem deve demitir mais
As empresas já estão programando demissões para fazer frente à
recessão. Apesar de 12,5% dos entrevistados planejarem mais contratações em 99, outros 38,5% disseram que sua empresa pretende
cortar vagas.
Na média, as respostas apontam
para uma redução de 1% no nível
de emprego em 99. "Como a População Economicamente Ativa deve
crescer 1,5%, a taxa de desemprego
deve subir dos atuais 7,5% para
cerca de 10%", diz o economista do
Bicbanco, Luiz Rabi Jr.
As empresas que pretendem demitir mais são as ligadas à produção agropecuária e as indústrias de
bens de capital, que fabricam máquinas e equipamentos. Como esses fabricantes de maquinário estão entre os mais pessimistas,
Mallmann acredita que deverá
ocorrer uma queda nos investimentos previstos para vários setores da economia em 99.
O engavetamento de planos de
expansão se deve à frustração dos
resultados em 98. Mais da metade
dos entrevistados venderam menos do que o esperado no terceiro
trimestre do ano. A maior decepção ocorreu no setor de bens de
consumo duráveis, como carros e
eletrodomésticos.
Para 64,9% das empresas, as vendas cresceram menos do que 2,5%
em relação ao mesmo período do
ano passado, sem descontar a inflação. Na média, as empresas
apresentaram uma queda de 2,9%
em seu faturamento em relação ao
terceiro trimestre de 98.
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