|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sob Lula, Bovespa tem quatro anos de alta
Bolsa acumula valorização de 260% desde 2002; com crises externas, anos FHC foram marcados por oscilações no mercado
Estabilidade econômica eleva número de empresas que lançam ações, mas o total de companhias abertas ainda é inferior ao de 1996
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo caminha para encerrar o
primeiro mandato do presidente Lula com quatro anos seguidos de valorização. Do fim de
2002 até agora, a Bovespa acumula alta superior a 260%.
Durante os dois governos de
FHC, a Bovespa alternou anos
de altas e de baixas. Foram dois
anos de valorização e dois de
perdas no primeiro mandato de
FHC -totalizando ganhos de
55,85%. No período do segundo
mandato tucano, a Bolsa subiu
apenas em 99 e caiu nos outros
três anos, totalizando valorização de 66,10%.
"É provável que a Bolsa feche
em um nível um pouco mais
elevado que o atual até o fim do
ano. Entendo que é possível a
Bolsa estar próxima dos 45 mil
pontos ao término de 2006",
afirma o economista da Grau
Gestão de Ativos, Pedro Paulo
Silveira.
O economista explica que
tradicionalmente o último trimestre do ano é positivo, com
os investidores estrangeiros
ampliando o volume de compras e dando fôlego à Bolsa.
Dentre as explicações para a
alta da Bolsa nos últimos anos,
há fatores externos e internos.
Diferente dos anos anteriores, o período que vai de 2003 a
2006 não teve nenhum evento
no cenário internacional com
peso suficiente para derrubar
fortemente o mercado acionário, como a crise da Rússia em
98 e o atentado às torres gêmeas nos EUA em 2001.
As previsões de analistas financeiros são as de que o atual
ciclo virtuoso que tem favorecido o mercado acionário ainda
não encontrou seu teto. "Se o
país passar a crescer de forma
mais acelerada, o mercado
acionário tem tudo para manter a tônica dos últimos anos",
diz Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora.
Quando a Bovespa bateu seu
recorde, em maio deste ano,
muitos analistas discutiam
quanto tempo levaria para que
superasse os 45 mil pontos,
mas o cenário internacional
atrapalhou a rota de alta.
Em maio, o Fed (o banco central norte-americano) divulgou
uma nota que foi interpretada
pelo mercado como uma manifestação de que os juros seguiriam subindo por tempo indeterminado nos Estados Unidos.
Essa foi a senha para que
grandes investidores sacassem
recursos de mercados emergentes, como o brasileiro, e migrarem para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Para a Bovespa, esse cenário
foi bastante negativo. Entre
maio e agosto, os investidores
estrangeiros tiraram líquidos
R$ 5,6 bilhões da Bolsa brasileira. Com isso, a Bovespa amargou desvalorização de 9,4% em
maio. Mas, passado o susto com
o futuro dos juros norte-americanos, os estrangeiros têm voltado para o mercado local.
Em outubro, o fluxo de recursos externos para a Bovespa
ficou positivo em R$ 1,42 bilhão. Neste mês, até o dia 10, as
compras de ações feitas pelos
estrangeiros bateram as vendas
em R$ 300 milhões.
Mais ações
O cenário positivo também
incentivou as empresas a cada
vez mais optar por lançar ações
na Bolsa . Neste ano, já chegam
a 21 as companhias que escolheram esse caminho.
Com a relativa estabilidade
da economia nos últimos anos,
ir para a Bolsa tem se tornado
uma opção cada vez mais comum. "Os IPOs [lançamento de
ações, na sigla em inglês] vieram para ficar. As empresas estão cada vez mais buscando essa forma de se financiar", avalia
Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora.
Apesar da elevação dos IPOs
nos anos recentes, o número
total de empresas listadas na
Bolsa paulista está bem abaixo
do que era há uma década. Em
1996, 589 empresas estavam
listadas na Bolsa. Hoje são 391
companhias.
Os estrangeiros são importantes compradores das novas
ações brasileiras. Nos últimos
três anos, esse segmento de investidores têm ficado com cerca de 70% da oferta inicial feita
pelas empresas.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Luis Carlos Bresser-Pereira: Fernando Gasparian Índice
|