São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Sob Lula, Bovespa tem quatro anos de alta

Bolsa acumula valorização de 260% desde 2002; com crises externas, anos FHC foram marcados por oscilações no mercado

Estabilidade econômica eleva número de empresas que lançam ações, mas o total de companhias abertas ainda é inferior ao de 1996

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo caminha para encerrar o primeiro mandato do presidente Lula com quatro anos seguidos de valorização. Do fim de 2002 até agora, a Bovespa acumula alta superior a 260%.
Durante os dois governos de FHC, a Bovespa alternou anos de altas e de baixas. Foram dois anos de valorização e dois de perdas no primeiro mandato de FHC -totalizando ganhos de 55,85%. No período do segundo mandato tucano, a Bolsa subiu apenas em 99 e caiu nos outros três anos, totalizando valorização de 66,10%.
"É provável que a Bolsa feche em um nível um pouco mais elevado que o atual até o fim do ano. Entendo que é possível a Bolsa estar próxima dos 45 mil pontos ao término de 2006", afirma o economista da Grau Gestão de Ativos, Pedro Paulo Silveira.
O economista explica que tradicionalmente o último trimestre do ano é positivo, com os investidores estrangeiros ampliando o volume de compras e dando fôlego à Bolsa.
Dentre as explicações para a alta da Bolsa nos últimos anos, há fatores externos e internos.
Diferente dos anos anteriores, o período que vai de 2003 a 2006 não teve nenhum evento no cenário internacional com peso suficiente para derrubar fortemente o mercado acionário, como a crise da Rússia em 98 e o atentado às torres gêmeas nos EUA em 2001.
As previsões de analistas financeiros são as de que o atual ciclo virtuoso que tem favorecido o mercado acionário ainda não encontrou seu teto. "Se o país passar a crescer de forma mais acelerada, o mercado acionário tem tudo para manter a tônica dos últimos anos", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
Quando a Bovespa bateu seu recorde, em maio deste ano, muitos analistas discutiam quanto tempo levaria para que superasse os 45 mil pontos, mas o cenário internacional atrapalhou a rota de alta.
Em maio, o Fed (o banco central norte-americano) divulgou uma nota que foi interpretada pelo mercado como uma manifestação de que os juros seguiriam subindo por tempo indeterminado nos Estados Unidos.
Essa foi a senha para que grandes investidores sacassem recursos de mercados emergentes, como o brasileiro, e migrarem para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Para a Bovespa, esse cenário foi bastante negativo. Entre maio e agosto, os investidores estrangeiros tiraram líquidos R$ 5,6 bilhões da Bolsa brasileira. Com isso, a Bovespa amargou desvalorização de 9,4% em maio. Mas, passado o susto com o futuro dos juros norte-americanos, os estrangeiros têm voltado para o mercado local.
Em outubro, o fluxo de recursos externos para a Bovespa ficou positivo em R$ 1,42 bilhão. Neste mês, até o dia 10, as compras de ações feitas pelos estrangeiros bateram as vendas em R$ 300 milhões.

Mais ações
O cenário positivo também incentivou as empresas a cada vez mais optar por lançar ações na Bolsa . Neste ano, já chegam a 21 as companhias que escolheram esse caminho.
Com a relativa estabilidade da economia nos últimos anos, ir para a Bolsa tem se tornado uma opção cada vez mais comum. "Os IPOs [lançamento de ações, na sigla em inglês] vieram para ficar. As empresas estão cada vez mais buscando essa forma de se financiar", avalia Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
Apesar da elevação dos IPOs nos anos recentes, o número total de empresas listadas na Bolsa paulista está bem abaixo do que era há uma década. Em 1996, 589 empresas estavam listadas na Bolsa. Hoje são 391 companhias.
Os estrangeiros são importantes compradores das novas ações brasileiras. Nos últimos três anos, esse segmento de investidores têm ficado com cerca de 70% da oferta inicial feita pelas empresas.


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