São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Setor privado teme atrasos nas obras previstas pelo governo

DA REPORTAGEM LOCAL

O setor privado vê com preocupação o fornecimento de energia a partir de 2009 e acredita que é grande a probabilidade de atraso nas obras com as quais conta o governo.
"Dependemos de variáveis incertas. Não temos controle da situação", diz o diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Saturnino Sergio da Silva. "Qualquer atraso nas obras será fatal", concorda Luiz Mesquita, coordenador de energia térmica da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia). "Estamos muito preocupados com 2009", ressalta.
A possibilidade de a Petrobras concluir até 2009 os projetos de exploração de gás no Brasil é vista com ceticismo pelo setor privado, que vê com preocupação a oferta de energia dentro de dois anos.
O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, considera inevitável o atraso no cronograma da Petrobras, que prevê o fornecimento de 24 milhões de m3/dia de gás a partir de 2009. "Entre 2008 e 2010, vamos ficar na ponta da faca."
A ampliação no fornecimento de energia é considerada crucial para que o país possa crescer de forma sustentada a um ritmo superior a 4%.
O governo conta com os projetos da Petrobras e a conclusão de usinas térmicas e hídricas para ter energia. Entre as hidrelétricas, estão três de grande porte: Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, e Belo Monte, no Pará.
Segundo a CBIEE (Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica), essas três usinas representam um terço de toda a capacidade adicional de 40.939 MW que o governo planeja construir até 2015.
Como há risco de atraso nas obras, a CBIEE considera "no mínimo recomendável" a previsão de alternativas para enfrentar a alta da demanda.
Na opinião de Mesquita e Pires, a situação foi agravada pelo aumento da dependência do país em relação ao gás e redução do peso das hidrelétricas na geração de energia. "Não está havendo investimentos em projetos hídricos, o que eleva o peso do gás", afirma Mesquita.
Pires afirma que essa situação é um paradoxo em um país como o Brasil, que tem um enorme potencial hídrico.
Para enfrentar a possibilidade de falta de gás, a Petrobras está convertendo sete de suas termelétricas, que poderão funcionar a gás ou a diesel. "É um retrocesso, já que o diesel é mais caro e mais poluente", ressalta Pires.
(CLÁUDIA TREVISAN)


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