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Setor privado teme atrasos nas obras previstas pelo governo
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor privado vê com preocupação o fornecimento de
energia a partir de 2009 e acredita que é grande a probabilidade de atraso nas obras com as
quais conta o governo.
"Dependemos de variáveis
incertas. Não temos controle
da situação", diz o diretor do
Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), Saturnino Sergio da Silva. "Qualquer atraso nas obras
será fatal", concorda Luiz Mesquita, coordenador de energia
térmica da Abrace (Associação
Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia). "Estamos muito preocupados com 2009", ressalta.
A possibilidade de a Petrobras concluir até 2009 os projetos de exploração de gás no
Brasil é vista com ceticismo pelo setor privado, que vê com
preocupação a oferta de energia dentro de dois anos.
O consultor Adriano Pires,
do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, considera inevitável
o atraso no cronograma da Petrobras, que prevê o fornecimento de 24 milhões de m3/dia
de gás a partir de 2009. "Entre
2008 e 2010, vamos ficar na
ponta da faca."
A ampliação no fornecimento de energia é considerada
crucial para que o país possa
crescer de forma sustentada a
um ritmo superior a 4%.
O governo conta com os projetos da Petrobras e a conclusão de usinas térmicas e hídricas para ter energia. Entre as
hidrelétricas, estão três de
grande porte: Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, e Belo
Monte, no Pará.
Segundo a CBIEE (Câmara
Brasileira de Investidores em
Energia Elétrica), essas três
usinas representam um terço
de toda a capacidade adicional
de 40.939 MW que o governo
planeja construir até 2015.
Como há risco de atraso nas
obras, a CBIEE considera "no
mínimo recomendável" a previsão de alternativas para enfrentar a alta da demanda.
Na opinião de Mesquita e Pires, a situação foi agravada pelo
aumento da dependência do
país em relação ao gás e redução do peso das hidrelétricas
na geração de energia. "Não está havendo investimentos em
projetos hídricos, o que eleva o
peso do gás", afirma Mesquita.
Pires afirma que essa situação é um paradoxo em um país
como o Brasil, que tem um
enorme potencial hídrico.
Para enfrentar a possibilidade de falta de gás, a Petrobras
está convertendo sete de suas
termelétricas, que poderão
funcionar a gás ou a diesel. "É
um retrocesso, já que o diesel é
mais caro e mais poluente",
ressalta Pires.
(CLÁUDIA TREVISAN)
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