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"Crise de confiança" derruba a Bovespa
Queda de 3,5% acompanha mau desempenho do mercado global; Bolsas caem 1,6% em Nova York e 2,7% em Londres
Aumenta o temor de que
a crise nos mercados imobiliário e financeiro dos EUA tenha efeito mais forte sobre a economia do país
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise nos mercados imobiliário e financeiro dos EUA voltou a derrubar os mercados pelo mundo ontem, após novos sinais de que ela poderá abalar
mais profundamente a maior
economia do planeta e grandes
corporações financeiras.
A Bovespa sofreu forte queda
de 3,52%, na esteira do mau desempenho do mercado acionário global. As operações de
câmbio também refletiram o
humor mais hostil dos investidores, e o dólar subiu 1,20%
diante do real, para ser vendido
a R$ 1,768.
As Bolsas americanas iniciaram os pregões em terreno negativo repercutindo o rebaixamento da avaliação do Citigroup, maior grupo financeiro
dos EUA, pelo Goldman Sachs.
Houve também a divulgação de
perdas vultosas na gigante européia do segmento de resseguros Swiss Re. A companhia reportou previsão de perdas de
US$ 1,1 bilhão como reflexo de
sua exposição a papéis atrelados ao setor de crédito imobiliário americano, epicentro da
crise deflagrada em julho.
O índice Dow Jones, que reúne as ações mais negociadas na
Bolsa de Nova York, caiu 1,66%.
A Bolsa eletrônica Nasdaq, com
papéis do setor de tecnologia,
também perdeu 1,66%.
O pregão em Londres foi ainda pior, recuando 2,71%. Em
Frankfurt, a Bolsa perdeu
1,32%, e em Tóquio, 0,74%.
O Citigroup teve sua recomendação rebaixada pelo
Goldman Sachs devido ao pessimismo em relação aos resultados do banco nos próximos
dois trimestres. Os papéis do
Citigroup caíram 5,1% ontem.
Na Europa, as ações do Northern Rock -banco britânico
especializado em crédito imobiliário- desabaram 21,4%
após as propostas para compra
da instituição serem consideradas fracas. O banco teve sérios
problemas de caixa em meio à
crise do setor habitacional, recebendo um crédito emergencial estimado em US$ 6 bilhões
do governo em setembro.
"A queda da Bovespa foi influenciada pelo dia de perdas
no exterior. Mas não vejo nenhuma mudança de tendência
para o mercado local", afirmou
Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
"Mais do que a crise do "subprime", vivemos agora uma crise
de confiança. Há muita insegurança em relação aos resultados corporativos, não se sabe se
toda a contaminação da crise
do "subprime" já apareceu nos
balanços", completa.
A crise que abalou o setor de
crédito habitacional de alto risco americano (o "subprime") e
começou a contaminar o humor do mercado financeiro global no fim de julho tem mostrado seu poder de estrago nos balanços trimestrais que grandes
instituições financeiras internacionais vêm divulgando nas
últimas semanas.
Na semana passada, a Bovespa caiu 4,34% logo na segunda-feira. Mas se recuperou nos
dias seguintes e acumulou alta
de 0,45% na semana.
A Bovespa ainda é o principal
destaque do mercado brasileiro
no balanço anual, com valorização acumulada de 40,16%. Os
fundos de renda fixa, que rendem juros, têm retorno médio
de 10% em 2007. Mas os analistas sempre alertam que ganhos
passados não são garantia de
ganhos futuros.
No pregão de ontem só uma
das 63 ações do índice Ibovespa
(a da Telemig) escapou das perdas. Dentre os papéis mais negociados e com maior peso no
resultado final da Bolsa, destacam-se as desvalorizações de
Bradesco PN, que caiu 5,01%,
Vale do Rio Doce PNA (-3,55%)
e Petrobras PN (-1,90%).
O banco PanAmericano fez
sua estréia na Bovespa ontem.
Após chegar a subir quase 8%,
as ações fecharam estáveis.
Hoje, enquanto as Bolsas
brasileiras estiverem fechadas
devido a feriado em São Paulo,
será divulgada a ata do último
encontro do Fed (o BC dos
EUA), que poderá mexer ainda
mais no mercado global.
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