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ANÁLISE
Fraqueza atual fortalecerá moeda no longo prazo
JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"
O mercado está sofrendo do
excesso de superlativos. O preço do barril de petróleo está em
nível recorde, assim como o euro diante do dólar. E o ouro está
perto de seu pico de há 27 anos.
Isso tudo reflete condições extremas no mercado. Quando isso afetará o mundo real?
A fraqueza do dólar é espantosa. O euro se valorizou em
76% contra a moeda americana
nos últimos sete anos e 16% no
último ano. Desde meados de
agosto, após o corte dos juros
interbancários do Fed (BC dos
EUA), a moeda européia ganhou 8,4% diante do dólar.
Esses movimentos tectônicos refletem a perda de confiança na economia dos EUA.
Mas eles mudam o balanço
competitivo entre a zona do euro e os EUA de forma tão importante que transformarão o
cenário em algum momento.
Um argumento mais otimista dentro dos EUA é o de que o
dólar fraco estimulará as exportações do país. No terceiro
trimestre deste ano, o saldo comercial deu sua maior contribuição ao crescimento da economia americana desde 1980.
Com os exportadores americanos aumentando sua fatia do
comércio global, uma importante causa da fraqueza do dólar -seu déficit nas transações
com o resto do mundo- começará a diminuir. Isso deve ajudar os EUA a evitar um declínio
econômico e, no longo prazo,
fortalecerá o dólar.
Mas, com a queda do dólar
enfraquecendo a competitividade européia, pode-se esperar
que o euro forte reduza o crescimento na zona do euro. Isso
também parece estar acontecendo. Os pedidos para as fábricas da Alemanha caíram em setembro, aparentemente por
causa da demanda menor por
seus produtos de exportação.
Se isso sugere que o BC europeu, que se reúne na quinta-feira, não pode elevar os juros (e
fortalecer ainda mais a moeda),
a crescente pressão inflacionária na zona do euro indica que a
autoridade monetária também
não pode cortá-los. Isso ajudará a manter o euro forte.
Assim, se o dólar enfraquecido começa a gerar os efeitos
econômicos que devem mais
adiante permitir o seu fortalecimento, o enfraquecimento da
moeda americana provavelmente ainda não acabou.
Mas a era dos superlativos
pode estar chegando ao fim.
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