São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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ANÁLISE

Fraqueza atual fortalecerá moeda no longo prazo

JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"

O mercado está sofrendo do excesso de superlativos. O preço do barril de petróleo está em nível recorde, assim como o euro diante do dólar. E o ouro está perto de seu pico de há 27 anos. Isso tudo reflete condições extremas no mercado. Quando isso afetará o mundo real?
A fraqueza do dólar é espantosa. O euro se valorizou em 76% contra a moeda americana nos últimos sete anos e 16% no último ano. Desde meados de agosto, após o corte dos juros interbancários do Fed (BC dos EUA), a moeda européia ganhou 8,4% diante do dólar.
Esses movimentos tectônicos refletem a perda de confiança na economia dos EUA. Mas eles mudam o balanço competitivo entre a zona do euro e os EUA de forma tão importante que transformarão o cenário em algum momento.
Um argumento mais otimista dentro dos EUA é o de que o dólar fraco estimulará as exportações do país. No terceiro trimestre deste ano, o saldo comercial deu sua maior contribuição ao crescimento da economia americana desde 1980.
Com os exportadores americanos aumentando sua fatia do comércio global, uma importante causa da fraqueza do dólar -seu déficit nas transações com o resto do mundo- começará a diminuir. Isso deve ajudar os EUA a evitar um declínio econômico e, no longo prazo, fortalecerá o dólar.
Mas, com a queda do dólar enfraquecendo a competitividade européia, pode-se esperar que o euro forte reduza o crescimento na zona do euro. Isso também parece estar acontecendo. Os pedidos para as fábricas da Alemanha caíram em setembro, aparentemente por causa da demanda menor por seus produtos de exportação.
Se isso sugere que o BC europeu, que se reúne na quinta-feira, não pode elevar os juros (e fortalecer ainda mais a moeda), a crescente pressão inflacionária na zona do euro indica que a autoridade monetária também não pode cortá-los. Isso ajudará a manter o euro forte.
Assim, se o dólar enfraquecido começa a gerar os efeitos econômicos que devem mais adiante permitir o seu fortalecimento, o enfraquecimento da moeda americana provavelmente ainda não acabou.
Mas a era dos superlativos pode estar chegando ao fim.


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