São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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Queda do dólar preocupa governo chinês

Premiê diz que está se tornando difícil administrar as reservas do país; estimativa é que dois terços sejam na moeda dos EUA

Henry Paulson, secretário do Tesouro dos EUA, afirma que a solidez de longo prazo da economia do país se refletirá no câmbio

DO "FINANCIAL TIMES"

A China expressou preocupação com a queda do dólar, juntando-se a um coro crescente de autoridades mundiais alarmadas com a depreciação da principal moeda de reservas internacionais. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou ontem, em Cingapura, que está se tornando difícil administrar as reservas externas do país, de US$ 1,43 trilhão, e que esse valor está sob uma pressão sem precedentes.
A China faz da combinação de moedas de suas reservas um segredo de Estado, mas alguns analistas acreditam que é provável que mais de dois terços sejam em dólar.
Os comentários de Wen foram feitos em meio a declarações de autoridades econômicas em apoio ao dólar mais forte, depois da reunião do G20, na África do Sul, e da cúpula da Opep, em Riad, ambas realizadas no fim de semana.
O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, disse a jornalistas, em Gana, que o dólar forte faz parte do interesse norte-americano.
Ele disse que a economia americana teve seus "altos e baixos", mas acredita que a solidez de longo prazo da economia americana se refletirá no mercado de câmbio.
Paulson e outras importantes autoridades americanas, incluindo o presidente George W. Bush, têm se pronunciado bastante sobre o dólar nos últimos dias, num aparente esforço em sinalizar que não estão indiferentes a essa tendência.
Zhou Xiaochuan, presidente do banco central chinês, disse que Pequim quer o dólar forte porque isso ajudaria a garantir uma solução para a recente instabilidade dos mercados, causada pelos problemas do setor de hipotecas nos EUA.
"Nesse caso, de fato, esperamos ver um dólar forte." A Reuters interpretou a afirmação de Zhou como "nós apoiamos um dólar forte".
Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, disse que as declarações de Zhou "ecoaram como sendo ditas por autoridades monetárias dos EUA".
"O que estamos testemunhando é uma intervenção verbal sem coordenação", afirmou Stephen Jen, líder de pesquisas de câmbio do Morgan Stanley.
"Isso [essa desarticulação] é proveitoso porque, na ausência disso, investidores e especuladores teriam interpretado como uma omissão por parte das autoridades [monetárias] sobre o que está acontecendo no mercado de câmbio."
O iene recuperou-se, ontem, em relação a uma série de moedas, particularmente diante dos dólares canadense e australiano. Operadores disseram que o mercado trabalha com a expectativa de que a China deixará que sua moeda se aprecie.


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