|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Queda do dólar preocupa governo chinês
Premiê diz que está se tornando difícil administrar as reservas do país; estimativa é que dois terços sejam na moeda dos EUA
Henry Paulson, secretário
do Tesouro dos EUA, afirma
que a solidez de longo
prazo da economia do país se refletirá no câmbio
DO "FINANCIAL TIMES"
A China expressou preocupação com a queda do dólar,
juntando-se a um coro crescente de autoridades mundiais
alarmadas com a depreciação
da principal moeda de reservas
internacionais. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou ontem, em Cingapura,
que está se tornando difícil administrar as reservas externas
do país, de US$ 1,43 trilhão, e
que esse valor está sob uma
pressão sem precedentes.
A China faz da combinação
de moedas de suas reservas um
segredo de Estado, mas alguns
analistas acreditam que é provável que mais de dois terços
sejam em dólar.
Os comentários de Wen foram feitos em meio a declarações de autoridades econômicas em apoio ao dólar mais forte, depois da reunião do G20,
na África do Sul, e da cúpula da
Opep, em Riad, ambas realizadas no fim de semana.
O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson,
disse a jornalistas, em Gana,
que o dólar forte faz parte do
interesse norte-americano.
Ele disse que a economia
americana teve seus "altos e
baixos", mas acredita que a solidez de longo prazo da economia americana se refletirá no
mercado de câmbio.
Paulson e outras importantes autoridades americanas, incluindo o presidente George
W. Bush, têm se pronunciado
bastante sobre o dólar nos últimos dias, num aparente esforço em sinalizar que não estão
indiferentes a essa tendência.
Zhou Xiaochuan, presidente
do banco central chinês, disse
que Pequim quer o dólar forte
porque isso ajudaria a garantir
uma solução para a recente instabilidade dos mercados, causada pelos problemas do setor
de hipotecas nos EUA.
"Nesse caso, de fato, esperamos ver um dólar forte." A
Reuters interpretou a afirmação de Zhou como "nós apoiamos um dólar forte".
Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, disse que as declarações
de Zhou "ecoaram como sendo
ditas por autoridades monetárias dos EUA".
"O que estamos testemunhando é uma intervenção verbal sem coordenação", afirmou
Stephen Jen, líder de pesquisas
de câmbio do Morgan Stanley.
"Isso [essa desarticulação] é
proveitoso porque, na ausência
disso, investidores e especuladores teriam interpretado como uma omissão por parte das
autoridades [monetárias] sobre o que está acontecendo no
mercado de câmbio."
O iene recuperou-se, ontem,
em relação a uma série de moedas, particularmente diante
dos dólares canadense e australiano. Operadores disseram
que o mercado trabalha com a
expectativa de que a China deixará que sua moeda se aprecie.
Texto Anterior: Benjamin Steinbruch: Parou por quê? Próximo Texto: Análise: Fraqueza atual fortalecerá moeda no longo prazo Índice
|