FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nem mesmo o governo acredita num recuo da cotação do dólar abaixo de R$ 2,00 no ano que vem. As estimativas oficiais para o comportamento da economia que serão entregues oficialmente hoje pela equipe econômica ao Congresso Nacional prevêem uma taxa de R$ 2,04 para o ano que vem. Esse valor é bastante próximo ao que está sendo projetado pelo mercado financeiro -R$ 2,05 para a cotação média em 2009.
O governo também espera alguma flexibilização da política monetária no ano que vem. Apesar de a taxa básica de juros estar em 13,75% ao ano e de o mercado financeiro projetar esse mesmo valor como média, a equipe econômica espera que a Selic, os juros determinados pelo BC (Banco Central), fiquem em 13,57% em média.
A projeção do crescimento econômico foi mais otimista e a taxa de inflação projetada ficou mais alta. De acordo com as estimativas oficiais, o IPCA, índice usado na meta de inflação, será de 5,19% em 2009. É um percentual acima dos 4,5%, definido como centro da meta, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais.
A discussão sobre o ritmo de crescimento da economia teve clara influência do ministro Guido Mantega (Fazenda), que vinha defendendo a elaboração de um cenário mais otimista. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) havia dito que a revisão dos parâmetros econômicos usados na elaboração do orçamento da União iriam incluir um PIB de 3,8%. A previsão original era a de um crescimento de 4,5% em 2009.
Segundo participantes da reunião da Junta Orçamentária, realizada ontem no Palácio do Planalto, o presidente Lula chegou a dizer que o desempenho da economia surpreenderá a todos no ano que vem.
Não será apenas a União a ser afetada pela queda na arrecadação. A redução no preço internacional do petróleo custará algo próximo a R$ 6 bilhões a Estados e municípios, que deverão receber menos royalties pela exploração do óleo. O governo estima que a cotação do petróleo fique em US$ 76,37 por barril em 2009. Quando o projeto do Orçamento foi enviado ao Congresso, a expectativa era de um barril a US$ 111,00.
"Vamos fazer ensaios e simulações e conversar com a Receita para saber a exata dimensão da queda na arrecadação", disse o relator-geral do Orçamento, senador Delcídio Amaral (PT-MS). O deputado Jorge Koury (DEM-BA), responsável pela reestimativa de receitas do Orçamento, se reúne hoje com técnicos da Receita para discutir os impactos da crise sobre o caixa do governo em 2009.
A estimativa preliminar é de que seja necessário cortar cerca de R$ 8 bilhões em despesas da União para garantir que o governo conseguirá economizar o equivalente a 3,8% do PIB para pagar juros da dívida federal -valor que já havia sido anunciado por Paulo Bernardo.


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