São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Crédito estanca venda de veículos no início do mês

Venda de carros cai 20% na primeira quinzena de novembro, segundo Fenabrave

Concessionárias dizem que a situação melhorou após os feirões e a liberação de recursos do BB e da Nossa Caixa para venda de carros

Leandro Moraes-11.nov.08/Folha Imagem
Sem compradores, shopping de carros tem movimento fraco na zona sul de SP; vendas caíram com escassez de crédito no país

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aperto no crédito estancou a venda de veículos novos no início de novembro. Na primeira quinzena desse mês foram comercializados apenas 70,8 mil automóveis de passeio e 19 mil comerciais leves, um volume 20,17% menor do que o apurado no mesmo período de outubro, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), com base no emplacamento de veículos. O recuo nas vendas foi de 19,29% em relação à primeira quinzena de novembro de 2007.
Segundo Sérgio Antonio Reze, presidente Fenabrave, a queda nas vendas em novembro reflete basicamente a diminuição do crédito disponível para o financiamento de veículos e o receio do consumidor de assumir uma nova dívida em meio às incertezas geradas pela crise financeira global.
"Caíram as vendas em outubro e essa queda se manteve em novembro. Foi um momento de expectativa [com as notícias sobre a crise]. Os bancos cortaram o crédito e puxaram as taxas. A tendência agora é começar a recuperação, mas não vai voltar como era antes. Nossa visão é que este ano se encerra agora", disse Reze.
Com o aperto no crédito, os bancos começaram a pedir juros entre 2,2% e 2,4% ao mês para financiamentos de, no máximo, 36 meses, segundo a Fenabrave. Após o Banco do Brasil e a paulista Nossa Caixa anunciarem a liberação de até R$ 8 bilhões para financiar o setor, os bancos já derrubaram as taxas médias para algo entre 1,6% e 1,7% ao mês.
"Precisamos olhar não para o retrovisor, mas para frente. Temos a previsão de que não vai continuar assim. Com as medidas que foram tomadas, tende a melhorar. Você tem ainda que acompanhar os feirões de final de semana, que não aparecem nesses números", disse.
Apesar da freada nas vendas vistas desde outubro, a Fenabrave mantém a expectativa de crescimento em torno de 20% das vendas de veículos neste ano como um todo.
A discussão atual das montadoras e das concessionárias é como viabilizar as vendas em 2009. Segundo a Fenabrave, o mercado dificilmente vai crescer mais do que 5% e 6% no próximo ano.
"Agora os recursos estão aparecendo e voltando para o setor, mas não vai ser como antes. Não vamos crescer 20% de novo. A preocupação é o ano que vem", disse.
De acordo com Reze, as vendas só cresceram acima de 20% desde 2006 por conta da ampliação dos prazos de financiamento, que chegaram a 72 meses neste ano.
"Não é normal a economia crescer 5% e o setor [de veículos] crescer 20%. O número de consumidores que ganhou espaço por causa do aumento do crédito se esgotou", disse.


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