São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Vaivém das commodities

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@grupofolha.com.br

ENERGIA LIMPA
A Alemanha, um dos países defensores da energia limpa na Europa, dá um passo atrás e está promovendo mudanças no setor. Passou pelo gabinete federal, e agora vai para o Congresso, uma redução do percentual de mistura e uma desqualificação dos óleos de soja e de palma como matérias-primas adequadas para a produção de biodiesel.

VELHAS QUESTÕES
Duas explicações rondam os motivos dos alemães para essa retirada da soja e da palma. Primeiro, ocorreria um avanço da produção de matérias-primas com valor agregado nos países emergentes, principalmente em um momento em que o mundo vai passar por desaceleração econômica. Segundo, volta a velha questão de que o Brasil estaria avançando com soja sobre área de florestas.

PREMISSA EQUIVOCADA
As premissas são equivocadas, segundo Fábio Trigueirinho, da Abiove. Primeiro, porque o teor de óleo na soja é de apenas 19%, contra 41% no girassol e 40% na colza, produtos colhidos na Europa e que os europeus querem deixar como base do biodiesel. O que faz aumentar a produção de soja é a utilização do farelo -teor de 79%-, utilizado nas rações.

EXPANSÃO LIMITADA
O aumento do óleo de soja na produção de biodiesel não forçará a abertura de novas áreas de produção da oleaginosa, diz Trigueirinho. O produto viria do maior uso de áreas degradas para o cultivo da soja e do aproveitamento do óleo que sai necessariamente da produção de farelo, que é crescente devido à demanda mundial por carnes.

PRECEDENTE PERIGOSO
Se aprovadas, essas medidas podem ser altamente prejudiciais a Brasil, Argentina e EUA, uma vez que a Alemanha pode espelhar as diretrizes de todos os demais países da UE nessa questão. Para 2009, a Alemanha deve diminuir a mistura obrigatória de biodiesel de 6,25% para 5,25%, percentual que deverá vigorar até 2014.

RECEITAS MENORES
Se a crise aperta de um lado, a renda do produtor cai de outro. Dados do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria paulista de Agricultura, indicam que, em média, os preços pagos aos produtores recuaram 1,4% nos últimos 30 dias. Pior para o setor de carnes, onde a queda foi de 3,4% no período.

TUDO TRAVADO
A queda de preços dos produtos agrícolas não tem incentivado a comercialização, principalmente devido às dificuldades para exportar. Compradores não conseguem crédito para assumir compras nos volumes tradicionais, forçando a permanência do produto nas mãos de produtores ou de cooperativas, diz um participante desse mercado.


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