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Brasil e mais 21 países podem reduzir tarifas
Negociação, menos exigente que a da Rodada Doha, visa aumentar o comércio entre economias em desenvolvimento
Diplomatas dizem que provável acordo envolve corte de 20% ou mais nas tarifas reais sobre 70% dos bens negociados entre esses países
JONATHAN LYNN
DA REUTERS
Visto que as negociações da
Rodada Doha na Organização
Mundial do Comércio (OMC)
entram no seu nono ano sem
uma conclusão à vista, um grupo de 22 países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, se
prepara para fechar um acordo
próprio de redução de tarifas e
promoção do comércio entre si.
O acordo para expandir o Sistema Geral de Preferências Comerciais (GSTP, na sigla em inglês) pode ser anunciado durante a conferência ministerial
de três dias da OMC que começa em Genebra (Suíça) no dia
30 deste mês, com a presença
de ministros da maioria dos 153
países-membros.
O GSTP, com 22 integrantes,
inclui pesos-pesados como
Brasil, Coreia do Sul e Índia,
bem como alguns dos países
mais pobres do mundo, a exemplo de Coreia do Norte e Zimbábue. África do Sul e China
não participam do grupo.
O GSTP é um dos poucos fóruns em que as duas Coreias
negociam diretamente.
Funcionários do setor de comércio e diplomatas afirmaram que o provável acordo envolveria um corte de 20% ou
mais em suas tarifas reais, ou
"aplicadas", sobre 70% dos
bens negociados.
Esse acordo, conhecido no
jargão da diplomacia comercial
como "modalidades", seria então implementado nos próximos meses depois de trabalhos
detalhados para a aplicação da
tarifa a produtos individuais.
Os países também negociariam cortes mais profundos de
maneira bilateral, e essas vantagens seriam posteriormente
oferecidas a todo o grupo.
Um estudo conduzido pela
Unctad, órgão da ONU que está
prestando assistência técnica
às negociações do GSTP, estima que um corte de 30% nas tarifas, pelos 22 países, elevaria
suas exportações em US$ 11,7
bilhões, enquanto um corte de
20% resultaria em elevação de
US$ 7,7 bilhões.
O comércio entre os países
em desenvolvimento continua
a ser relativamente pequeno,
mas eles estão ávidos por expandi-lo e aproveitar o crescimento uns dos outros, para reduzir a dependência com relação às nações ricas.
As propostas do GSTP, nas
quais participantes teriam espaço para isentar 30% dos bens
de quaisquer cortes de tarifas,
são também muito menos exigentes que as da Rodada Doha
para todos os 153 países-membros, ainda que essas igualmente ofereçam tratamento especial aos países em desenvolvimento e aos mais pobres.
"Um dos problemas do comércio Sul-Sul é que a base inicial é bastante baixa e por isso
não existem linhas de navegação estabelecidas", disse um diplomata latino-americano envolvido nas negociações.
"Caso o desenvolvimento comece, assim que for atingida
uma massa crítica as coisas começarão a fluir", completou.
As regras do comércio internacional permitem tratamento
especial aos países em desenvolvimento, por exemplo com o
uso de tarifas reduzidas preferenciais, as quais envolvem dispensar o princípio de não discriminação que norteia os acordos da OMC, sob qual todos os
integrantes devem receber o
mesmo tratamento.
Esse tratamento preferencial
é, em geral, oferecido pelas potências comerciais ricas, como
os Estados Unidos e a União
Europeia, mas países em desenvolvimento também o oferecem.
O GSTP foi criado em 1988.
Uma tentativa de expandi-lo
nos anos 90 fracassou. A atual
rodada de negociações, no momento presidida pelo embaixador argentino na OMC, Alberto
Dumont, se iniciou em São
Paulo em 2004.
Os membros da OMC que
pertencem ao GSTP são: Argentina, Brasil, Chile, Coreia do
Sul, Cuba, Egito, Índia, Indonésia, Malásia, Marrocos, México,
Nigéria, Paquistão, Paraguai,
Sri Lanka, Tailândia, Uruguai,
Vietnã e Zimbábue. Os não
membros da OMC integrados
ao grupo são Argélia, Coreia do
Norte e Irã.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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