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CENÁRIO EXTERNO
Camdessus diz que o "plano audaz" do governo evitará que a região seja vítima da crise russo-asiática
'Brasil segura dominó latino', diz FMI
das agências internacionais
O pacote de ajuda externa ao
Brasil e políticas prudentes dos governos latino-americanos deverão
ser suficientes para amparar a região em meio à crise financeira
global, afirmou Michel Camdessus, diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"O dominó latino-americano
não vai cair", disse ontem Camdessus, em uma assembléia anual
da Federação de Bancos Latino-Americanos realizada no Panamá.
O FMI lidera um socorro de US$
41,5 bilhões ao Brasil, anunciado
na sexta-feira passada.
Durante o discurso, Camdessus
direcionou um aviso àqueles que
chamou de "frívolos do mercado
internacional": a região não será
vítima da crise russo-asiática graças "ao plano audaz" de reforma
estrutural do Brasil.
Camdessus afirmou ainda que,
diferentemente dos países asiáticos, os latino-americanos haviam
adiantado as reformas econômicas
necessárias para enfrentar a turbulência do sistema financeiro, embora nem todos com a mesma velocidade.
O diretor-gerente do FMI disse
que a ajuda ao Brasil estará à disposição do país antes que ocorra
uma nova fuga de capitais.
Michel Camdessus afirmou também que o governo brasileiro não
vai precisar renegociar sua dívida
de curto prazo.
O dirigente do Fundo declarou
sua "confiança na política econômica do presidente Fernando
Henrique Cardoso". Ele advertiu,
no entanto, que bancos nacionais e
internacionais devem apoiar o
Brasil.
Para Camdessus, a instabilidade
do mercado, a fragilidade das instituições bancárias e a falta de
transparência e de controle nos
movimentos de capitais provocaram um salto atrás na evolução do
sistema financeiro.
"Poucos são hoje os países que se
beneficiam do enorme potencial
da globalização", disse o diretor-gerente do Fundo.
Se os fluxos de capitais fossem
mais previsíveis, segundo ele, haveria maior possibilidade de empreender o desenvolvimento sustentável das nações.
Camdessus anunciou que um
FMI "renovado, dotado de instrumentos adequados e de fortaleza
econômica", prepara-se para cumprir a tarefa de diagnosticar mais
rapidamente as crises financeiras e
de controlar a liberação ordenada
dos capitais.
O dirigente do Fundo afirmou
que as futuras missões do organismo internacional serão "mais inquisitivas e curiosas" a fim de que
não se repita o descalabro asiático
e russo.
"Não se deve desenvolver relações incestuosas entre o Estado, os
bancos e as empresas", afirmou o
diretor do Fundo.
Ontem, o FMI divulgou em Washington (EUA) mais detalhes sobre o socorro financeiro ao Brasil.
No começo de dezembro, o comitê
executivo do Fundo vai se reunir
para aprovar o programa de ajuda
ao país que deve se estender por
três anos.
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