São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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PÉRIPLO MINISTERIAL
Banqueiros e investidores reagem de maneira positiva, mas cautelosa a discurso em Frankfurt
Malan tenta acalmar credores alemães

France Presse
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Bundesbank (BC alemão), Hans Tietmeyer, ontem, em Frankfurt


MAURO TEIXEIRA
enviado especial a Frankfurt

Banqueiros alemães reagiram ontem de maneira positiva mas cautelosa ao discurso do ministro Pedro Malan, da Fazenda.
Malan, que tenta convencer os estrangeiros a manter seus investimentos no Brasil, falou em Frankfurt para 50 banqueiros e representantes de investidores, na primeira etapa européia de sua maratona internacional.
O déficit público e da Previdência e os juros são as questões que mais preocupam os bancos. Mas eles demonstram confiança.
O diretor para a América Latina do Deutsche Bank, Hans-Peter Ludescher, disse acreditar que os bancos alemães vão manter as linhas de crédito para o Brasil. "Tradicionalmente os bancos da Alemanha não costumam entrar e sair de um país a qualquer momento. Por isso, acho que todos devem preservar suas posições no Brasil", disse.
Os bancos privados não participaram do pacote de ajuda ao Brasil de US$ 41,5 bilhões, acertado com o Fundo Monetário Internacional. O ministro Malan tem repetido que não há nenhuma negociação com o setor privado para a criação de uma nova linha de crédito ao país, mas espera uma atitude de cooperação.
Charles Dallara, diretor-gerente do Institute of International Finance, que reúne mais de 300 empresas no setor financeiro, também acredita que o crédito ao Brasil deverá ser mantido e possivelmente até crescer. "Acho que o mais importante agora é a preservação das linhas de crédito interbancárias", afirmou.

Curto prazo preocupa
O diretor para Mercados Emergentes do Dresdner Bank, Reinhardt Schaefer, mostrou preocupação com a dívida externa de curto prazo brasileira. Respondendo à sua pergunta, Pedro Malan disse que o país tem compromissos da ordem de US$ 24 bilhões, mas que a maior parte dessa dívida é do setor privado.
O discurso otimista foi mantido por Jürgen Wöhler, vice-presidente do Südwest Landesbank. "Creio que há mais otimismo depois das eleições, do ajuste fiscal e ajuda do FMI. Os bancos alemães vão participar das próximas fases do crescimento brasileiro", disse Wöhler.
Malan viajou ontem para Paris, onde dá prosseguimento à maratona internacional iniciada em Nova York. Londres será a última etapa da viagem.
Em suas palestras, ele tem insistido em negar que haverá desvalorização do Real e que o Brasil não criará barreira ao fluxo de capitais .



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