São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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PREÇOS
Economista admite que taxa pode fechar o ano entre -1% e -2%; previsão era -0,50%
Deflação de 0,30% volta a surpreender

MAURO ZAFALON
da Redação

O comportamento dos preços em São Paulo continua contrariando as tendências tradicionais deste período do ano. Os preços geralmente sobem em novembro, devido à entressafra de vários alimentos e à elevação sazonal de vestuário, mas os preços médios praticados em São Paulo caíram 0,30% na segunda quadrissemana deste mês.
Esses dados, divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ontem, mostram um ritmo ainda maior de deflação do que na primeira quadrissemana, quando a queda tinha sido de 0,22%.
Após a divulgação da taxa da primeira quadrissemana, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Heron do Carmo, previa deflação menor nas semanas seguintes. Ele estimava uma taxa de inflação próxima a zero no final do mês.
A intensificação da queda dos preços fez o economista da Fipe refazer sua projeção para este mês. Agora ele acredita em deflação (queda de preços) de 0,30% a 0,50%. Com isso, a taxa acumulada de deflação em 12 meses até novembro deve ser de 1%.
Se ocorrer nova queda de preços em dezembro, o ano deve fechar com deflação entre 1% e 2%.
O coordenador do IPC da Fipe avalia que o esfriamento da atividade econômica no país após a última crise internacional tem relação direta com a queda dos preços. O consumo é reduzido e há muita concorrência no comércio.
Se a queda de preços de 0,30% a 0,50% em novembro se confirmar, será a primeira vez em que os preços caem neste período do ano desde 1953. Essa trajetória de queda deve continuar porque os índices de inflação perderam todas as pressões, diz Heron do Carmo.
A única pressão que persiste é a do feijão, que está com preços 60% superiores aos do ano passado. É um produto de safra rápida e os preços altos devem estimular o plantio, diz o economista.

Alimentos
Na segunda quadrissemana deste mês, os alimentos caíram 0,12%,queda provocada pela redução de 1,2% dos alimentos industrializados.
As quedas de preços se acentuaram também no setor de habitação. Redução nos preços de aluguel e no de bens de consumo doméstico provocou deflação média de 0,38% no setor.
Os preços do vestuário caíram 0,81%, taxa ainda maior do que a da primeira quadrissemana (0,43%). Tradicionalmente os preços desses produtos sobem em novembro, por causa da entrada da moda de verão. A inflação baixa e as taxas de juros elevadas estão derrubando os preços de vestuário, avalia Heron do Carmo.



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