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CAPITAL EXTERNO
BC previa, em 2002, saldo positivo em US$ 16 bi para este ano
Investimento estrangeiro não chegará a US$ 10 bilhões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil recebeu US$ 1,954 bilhão em investimentos estrangeiros diretos no mês passado, segundo dados divulgados ontem
pelo Banco Central. Entre janeiro
e novembro, o ingresso de capital
externo somou US$ 8,735 bilhões.
O resultado de novembro, porém, foi afetado pela reestruturação da dívida da BCP, que, no mês
passado, transformou em acionistas alguns de seus credores. Pela metodologia adotada pelo BC,
essa operação -chamada de
conversão- é classificada como
investimento direto.
A conversão feita pela empresa
de telefonia respondeu por US$
1,117 bilhão do US$ 1,954 bilhão
que ingressou no país no mês passado, segundo o BC.
Entre janeiro e novembro deste
ano, as conversões representaram
30% do total de investimentos recebidos pelo Brasil. Em igual período de 2002, essa proporção ficou em 27%.
De acordo com dados parciais
fechados anteontem, neste mês a
entrada de capital externo já havia
chegado a US$ 840 milhões. Com
os resultados obtidos até agora, o
Banco Central estima que o total
de investimentos recebidos pelo
Brasil neste ano fique próximo de
US$ 10 bilhões.
Abaixo do previsto
O valor é bem menor do que os
US$ 16 bilhões projetados pelo
governo no final de 2002.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, culpa a crise enfrentada desde o ano passado pelo baixo
resultado obtido.
"O fraco desempenho dos investimentos diretos reflete a crise
que tivemos até o primeiro trimestre deste ano."
Lopes afirma que, com a desconfiança, observada a partir de
2002 e atribuída em parte às eleições presidenciais, do mercado
internacional em relação à economia brasileira, muitas empresas
desistiram ou, no mínimo, adiaram seus planos de investir no
país. Com isso, o fluxo de capital
em 2003 ficou comprometido.
Segundo ele, a situação só se
normalizou a partir do segundo
trimestre deste ano. "Com a definição mais clara das regras para o
setor de infra-estrutura, a PPP
[Parceria Público-Privada] e a retomada do crescimento, os investimentos devem voltar a crescer
no ano que vem", afirma.
O melhor desempenho das economias mais desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa,
também deve favorecer essa recuperação. A estimativa do BC é
que, em 2004, os investimentos
estrangeiros diretos fiquem em
US$ 13 bilhões.
Teles lideram
O principal destino dos investimentos estrangeiros recebidos
pelo Brasil é o setor de telecomunicações, que ficou com 22,3%
dos recursos que ingressaram no
país entre janeiro e novembro
deste ano. Em segundo lugar ficaram as montadoras de automóveis, que receberam de 8,2% dos
investimentos.
Os investimentos estrangeiros
são importantes para o equilíbrio
das contas externas do país. Em
geral, eles servem para compensar o déficit em transações correntes (saldo das operações de
compra e venda de bens e serviços
com outros países) registrado tradicionalmente pelo Brasil.
Neste ano, com o superávit recorde da balança comercial (as
previsões indicam que o país obterá saldo superior a US$ 24 bilhões), o Brasil deve registrar, pela
primeira vez desde 1992, superávit em transações correntes.
Nesse cenário, a "sobra" de dólares observada no mercado acaba sendo absorvida pelo governo
para recompor as reservas internacionais do país. Isso é feito por
meio da atuação do Tesouro Nacional, que tem comprado dólares
regularmente no mercado de
câmbio.
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