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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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Conta externa volta ao vermelho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez desde abril, o Brasil teve, no mês passado, déficit na conta de transações correntes. O saldo desse indicador, que reflete operações de compra e venda de bens e serviços com outros países, ficou negativo em US$ 136 milhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central.
O resultado acumulado entre janeiro e novembro, porém, continua positivo. No período, o superávit em transações correntes ficou em US$ 3,802 bilhões. Isso ocorre graças ao desempenho da balança comercial. De acordo com estimativa do BC, o superávit deve ficar em US$ 24 bilhões.
Ainda segundo o BC, a conta de transações correntes deve fechar o ano com um superávit próximo de US$ 4 bilhões -o primeiro resultado positivo desde 1992. No ano que vem, com a expectativa de retomada do crescimento econômico, esse saldo positivo deve se transformar em um déficit de US$ 4,4 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que os números de novembro foram influenciados pela reestruturação da dívida da BCP. No mês passado, a empresa converteu em investimento uma dívida de US$ 1,117 bilhão que venceria em 2014.
Foi como se a BCP quitasse sua dívida externa antecipadamente usando suas próprias ações em vez de fazer o pagamento em dinheiro. Com essa antecipação, a empresa precisou pagar, de uma só vez, os juros que incidiriam sobre o débito até 2014. Segundo o BC, esses juros somam aproximadamente US$ 200 milhões.
Esses gastos maiores com juros afetaram negativamente a conta de transações correntes. Esse saldo inclui a balança comercial, a balança de serviços (pagamento de juros, turismo internacional e remessas de lucros, entre outros) e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Observou-se ainda, no mês passado, um aumento nas remessas de lucros e dividendos para o exterior. O envio de dólares para fora do país ficou em US$ 625 milhões, ante US$ 419 milhões registrados em novembro de 2002.
Boa parte dessa elevação reflete a queda do dólar ocorrida desde o final do ano passado. Com a valorização do câmbio, os lucros auferidos no Brasil em reais ficam maiores quando convertidos para a moeda norte-americana.


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