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País não cresce 3,5% sem reformas, diz CNI
Presidente da entidade afirma que população não deve ter "grande expectativa" com medidas que o governo vai anunciar
Armando Monteiro Neto elogia corte de impostos, mas critica ausência de
proposta de redução de gastos públicos em pacote
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A três dias do lançamento do
pacote econômico do governo
Lula, o presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro
Neto, elogiou as medidas de
corte de impostos, mas criticou
a possível ausência de propostas de redução dos gastos públicos. Sem atacar a questão fiscal,
segundo ele, o país não cresce
mais do que 3,5%.
O empresário disse que um
plano "ambicioso" deveria envolver a questão das despesas
correntes do governo federal,
que apresentaram um crescimento de três pontos percentuais em relação ao PIB nos últimos três anos.
Deputado pelo PTB de Pernambuco, aliado do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Monteiro Neto recomendou que as
pessoas não gerem "grande expectativa" em torno das medidas a serem anunciadas amanhã pelo governo com o objetivo de destravar o crescimento
da economia.
"Por mais que determinadas
medidas estejam corretas, não
são elas que vão gerar o espetáculo do crescimento. As condições para o país crescer mais de
3,5% ao ano ainda não estão dadas", afirmou o empresário.
Segundo ele, a maior expectativa do empresariado se concentra na área fiscal, considerada "central" para elevar a taxa
de investimento no país.
Ele classificou de "preocupante" o fato de o governo ter
abandonado a idéia de estabelecer um redutor nas despesas
correntes da União, optando
por um controle "menos rigoroso" de evitar que os gastos subam mais do que a variação do
PIB (Produto Interno Bruto).
A CNI aponta também como
uma decisão ruim a desistência
do governo de promover uma
nova reforma da Previdência
Social. "Não há como atacar a
questão fiscal sem olhar a situação previdenciária."
Previdência e juros
A entidade mostrou dados os
quais indicam que as despesas
com benefícios previdenciários
já são superiores aos gastos
com juros. Enquanto as despesas da Previdência vão atingir
8,2% do PIB no próximo ano, a
estimativa dos dispêndios com
juros é de 6,5% do PIB.
A preocupação da CNI com a
questão fiscal fez com que a entidade estimasse um superávit
primário em 2007 um pouco
abaixo da meta de 4,25% do
PIB. Pelas previsões da entidade, ele deve ficar em 4,1% do
PIB por causa do aumento de
projetos a serem incluídos no
PPI (Projeto Piloto de Investimentos), mecanismo acertado
com o FMI que permite o descontos desses gastos no cálculo
das contas públicas.
Apesar do tom crítico quanto
ao aspecto fiscal do pacote,
Monteiro Neto fez questão de
elogiar as medidas de desoneração de impostos. "Elas estão
na direção correta", disse,
acrescentando que vão permitir um crescimento maior da
economia no próximo ano.
Frustrante
Ao classificar de "frustrante"
o crescimento deste ano, que
deve ficar abaixo de 3% do PIB,
o presidente da CNI disse que a
entidade espera para o próximo
ano uma taxa de 3,5%, número
abaixo do prometido pelo governo Lula. O presidente chegou a anunciar que o país cresceria 5% em 2007, mas reservadamente avalia que a taxa ficará em torno de 4%.
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