São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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País não cresce 3,5% sem reformas, diz CNI

Presidente da entidade afirma que população não deve ter "grande expectativa" com medidas que o governo vai anunciar

Armando Monteiro Neto elogia corte de impostos, mas critica ausência de proposta de redução de gastos públicos em pacote


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A três dias do lançamento do pacote econômico do governo Lula, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, elogiou as medidas de corte de impostos, mas criticou a possível ausência de propostas de redução dos gastos públicos. Sem atacar a questão fiscal, segundo ele, o país não cresce mais do que 3,5%.
O empresário disse que um plano "ambicioso" deveria envolver a questão das despesas correntes do governo federal, que apresentaram um crescimento de três pontos percentuais em relação ao PIB nos últimos três anos.
Deputado pelo PTB de Pernambuco, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Monteiro Neto recomendou que as pessoas não gerem "grande expectativa" em torno das medidas a serem anunciadas amanhã pelo governo com o objetivo de destravar o crescimento da economia.
"Por mais que determinadas medidas estejam corretas, não são elas que vão gerar o espetáculo do crescimento. As condições para o país crescer mais de 3,5% ao ano ainda não estão dadas", afirmou o empresário.
Segundo ele, a maior expectativa do empresariado se concentra na área fiscal, considerada "central" para elevar a taxa de investimento no país.
Ele classificou de "preocupante" o fato de o governo ter abandonado a idéia de estabelecer um redutor nas despesas correntes da União, optando por um controle "menos rigoroso" de evitar que os gastos subam mais do que a variação do PIB (Produto Interno Bruto).
A CNI aponta também como uma decisão ruim a desistência do governo de promover uma nova reforma da Previdência Social. "Não há como atacar a questão fiscal sem olhar a situação previdenciária."

Previdência e juros
A entidade mostrou dados os quais indicam que as despesas com benefícios previdenciários já são superiores aos gastos com juros. Enquanto as despesas da Previdência vão atingir 8,2% do PIB no próximo ano, a estimativa dos dispêndios com juros é de 6,5% do PIB.
A preocupação da CNI com a questão fiscal fez com que a entidade estimasse um superávit primário em 2007 um pouco abaixo da meta de 4,25% do PIB. Pelas previsões da entidade, ele deve ficar em 4,1% do PIB por causa do aumento de projetos a serem incluídos no PPI (Projeto Piloto de Investimentos), mecanismo acertado com o FMI que permite o descontos desses gastos no cálculo das contas públicas.
Apesar do tom crítico quanto ao aspecto fiscal do pacote, Monteiro Neto fez questão de elogiar as medidas de desoneração de impostos. "Elas estão na direção correta", disse, acrescentando que vão permitir um crescimento maior da economia no próximo ano.

Frustrante
Ao classificar de "frustrante" o crescimento deste ano, que deve ficar abaixo de 3% do PIB, o presidente da CNI disse que a entidade espera para o próximo ano uma taxa de 3,5%, número abaixo do prometido pelo governo Lula. O presidente chegou a anunciar que o país cresceria 5% em 2007, mas reservadamente avalia que a taxa ficará em torno de 4%.


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